Não acreditem nesse lance de manifestação frenteamplista/antifa com distância de 2 metros e sem contato. Não rola. É como revolução francesa sem guilhotina. Do nada surge alguém com um machado, acham um rei pra chamar de seu e vira revolução inglesa.
E tudo que o Bolsonaro quer agora é um vandalismo para apontar o dedo e mobilizar as PMs estaduais. Sim, cadeia de comando é coisa do passado. A moda agora é o zap zap do baixo oficialato.
Só ver o que aconteceu na Paulista. Nem as disciplinadas e bem organizadas torcidas conseguiram segurar a fervura do sangue diante de uma bandeira da ultra-direita ucraniana. A PM paulista, comandada pelo novo opositor, bateu em quem defendia a pauta mais próxima do seu comandante em chefe. Nas narrativas virtuais e nas redes, que é onde importa, a Paulista virou praça de guerra. Um incêndio do Reichstag é tudo que o nazis, ops, o bolsonarismo precisa e quer.
Portanto, sugiro calma, esperar passar o pico da pandemia e preservar nossas vidas. Frenteamplista/antifa vestido de terno de madeira não luta.
Depois de um período meio off, meio away, volto a acompanhar as redes e percebo que temos fatos novos no front.
Comecei a ler os manifestos, as reações e as opiniões dos intelectuais que escuto. Em especial as live do Pirulla, os textos do Wilson Gomes, Haroldo Ceravolo e Theófilo Rodrigues e os vídeos da Sabrina Fernandes. Ainda faltam as lives do Átila Iamarino, as crônicas textuais do Ricardo Cappelli e as narrativas visuais do Fernando Rabello.
Vitor Vogel/Fotomontagem digital
A morte (do amigão) do povo. Série recebi no zap zap, deve ser verdade
A minha única certeza é que sai uma frente ampla em breve. Se vai dar tempo de ela se desenvolver é outra história. Por enquanto temos um remake de Tancredo, Lacerda e Jango. E 1968 é logo ali. Eduardo Bolsonaro já disse que é “questão de quando”.
Se a frente maturar e sobreviver aos perigos da primeira infância, minha dúvida é: qual modelo escolher no vasto menu? Será uma nos moldes da Guerra Civil Espanhola ou uma no estilo pré-Segunda Guerra Mundial que deixou Hitler de bobeira no leste europeu para depois ir para oeste. Ambas derrotadas. Ou pode ser uma vitoriosa aliança efetiva que derrotou o eixo e o nazifascismo após a invasão da União Soviética e o bombardeio de solo estadunidense pelos “japs”.
Pode também ser nos moldes das derrotadas Diretas Já ou da eleição indireta com comício que elegeu o Tancredo e deu posse ao Sarney. A análise certeira de Gilberto Maringoni sobre a luta na constituinte de 1988 relembra como as brasileiras e brasileiros enterraram 1968.
Ou uma jornada de junho remake que começou com uma pauta tangível e justa e que terminou com hino e bandeira projetada na sede da FIESP.
O cardápio é vasto, faça sua escolha pela vida e depois por qual frenteamplista/antifa você tem identidade. Só fique em casa, por favor.
*Vitor Vogel, nascido petropolitano e niteroiense por adoção, 35 anos. Fotodocumentarista e historiador formado pela UFF. É Coordenador Editorial e de Articulação Institucional do Coletivo Niterói Fotográfico.