A presidente do Chile, Michele Bachelet, firmou e entregou ao Congresso nacional um projeto de lei que prevê a criação de um Ministério de Assuntos Indígenas antes de março de 2010. No Chile, a população indígena representa cerca de 4% da total (16 milhões de pessoas).
A iniciativa não agradou os mapuches, maior etnia indígena do país e que mantém constantes protestos pela recuperação e auto-gestão de seus territórios ancestrais. Para representantes, a criação do novo órgão não deve ajudar a causa.
“O objetivo é que o planejamento e as decisões sobre as políticas criem raiz no mais alto nível do governo, ou seja, que se dê a dimensão que nós acreditamos que exige a política indígena em nosso país”, disse Bachelet em cerimônia no palácio presidencial de La Moneda.
A presidente também incluiu em seu projeto a criação de uma Agência de
Desenvolvimento Indígena, que deve substituir outros dois órgãos
governamentais. Segundo ela, a nova instituição deve se focar “nos
sistemas de educação e saúde inteculturais”.
As iniciativas buscam “fortalecer a participação e a
representação das comunidades e dos povos indígenas no âmbito público”.
Falta de vontade
“A única coisa que essa proposta vai cumprir é a criação de uma cortina de fumaça na questão, permitindo que eles evitem respostas concretas às nossas demandas”, declarou o representante mapuche, José Santos Millao, à AP.
“Essas medidas são extremamente pouco corajosas, porque não resolvem nem irão resolver as disputas que existem no sul entre os mapuche e o Estado chileno” disse o werken (líder) do Conselho de Todas as Terras, Aucan Huilcaman.
Para Gabriel Salazar, ganhador do Prêmio Nacional de História chileno e professor da Universidade do Chile, a iniciativa não deve acarretar grandes mudanças. “No fundo não muda nada, seja qual for a composição da nova instituição, com maior ou menor presença indígena, o que faz falta aqui é uma vontade histórica e uma vontade política”, declarou.
“A única maneira de resolver o conflito é reconhecer a existência no Chile de um povo indígena, de una nação indígena e de reconhecer um território significativo para eles”, concluiu Salazar.
Há diversas denúncias de agressão contra o povo mapuche. No comeco de agosto, Jaime Mendonza, ativista mapuche, foi assassinado pela policía com um tiro nas costas, na região de la Araucanía. O policial Miguel Jara Muñoz, responsável pelo tiro, foi liberado sob fiança pela corte marcial.
Vídeo mostra protesto mapuche pela morte de Jaime Mendoza em frente à sede do governo, pouco antes da visita do presidente hondurenho Manuel Zelaya:
No dia internacional da mulher indígena (5 de setembro), policiais invadiram o territorio Trapilhue Mahuidache, a 15 quilômetros de Temuco, agrediram e prenderam as ñaña (mulheres mapuches) Inicha Curín, Clorinda y Bernardita Neculmán, Rita Ancao y Mercedes Loncón, entre as quais Inicha, de 85 anos de idade.
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