Economistas venezuelanos têm perspectivas diferentes sobre quais serão as consequências da atual crise energética que o país enfrenta no crescimento do PIB. Enquanto os de orientação pró-mercado, ligados à oposição, são pessimistas quanto à capacidade de recuperação do país – que, em 2009, teve sua primeira recessão em cinco anos -, os de setores afins ao governo apostam nos investimentos públicos como saída para obter um resultado positivo.
Uma seca que já dura meses na Venezuela forçou o governo do presidente Hugo Chávez a racionar água e gerou cortes de energia em todo o país. A Venezuela depende de fontes hidrelétricas de energia para gerar 70% de sua eletricidade, mas os níveis da principal represa do país vêm caindo dramaticamente. E, se tais níveis continuarem a despencar, exigindo mais racionamento, a economia da Venezuela pode contrair até 4% este ano, apesar dos planos do governo para aumentar gastos, prevê o analista Asdrúbal Oliveros, da consultoria Econalítica, de Caracas.
“Não é só com gastos públicos que esta economia vai crescer”, disse Oliveros em um seminário organizado pela empresa em Caracas, na semana passada. Para o analista, o racionamento de eletricidade irá limitar a produtividade em setores como indústria, mineração e comércio, enquanto uma queda no consumo e na liberação de crédito também irá restringir o crescimento.
Já o economista Jesús Farías, filiado ao partido governista PSUV, discorda. Para ele, a desvalorização da moeda deve estimular a produção, enquanto a crise energética será compensada por investimentos estatais em fontes termelétricas.
“Parece que vai haver um leve crescimento”, disse ele ao Opera Mundi, prevendo que o avanço do PIB em 2010 deve beirar 1%.
O governo Chávez espera que a economia cresça 0,5% este ano, após encolher 3,3% em 2009. A meta será ajudada pela desvalorização da moeda local, o bolívar. A medida, tomada em janeiro, permitirá que a petrolífera estatal PDVSA contribua para diminuir o déficit do tesouro, aumentando a quantia de bolívares que troca por dólares ao exportar.
Isto também deve habilitar o país aumentar as verbas dos programas sociais, acelerando o crescimento. Mas uma piora na crise energética não só limitaria o crescimento, como provocaria preocupação na opinião pública, já afetada por altos índices de criminalidade e inflação chegando a 24% – a mais alta na América Latina.
Chuvas
Para o professor Fernando Branger, da escola particular de administração IESA, que também esteve no seminário, o sistema elétrico da Venezuela está “fundamentalmente estressado”, mas os níveis dos reservatórios não devem baixar a ponto de provocar um colapso total.
“Não acho que vamos chegar a este momento. Uma boa notícia é que parece que a temporada de chuva vai começar”, previu Branger, especialista em energia.
A temporada chuvosa da Venezuela geralmente começa em abril e vai até outubro.
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