A polícia russa procura três pessoas acusadas de serem cúmplices das duas mulheres suicidas que cometeram os atentados a bomba hoje (29) no metrô de Moscou. De acordo com o governo, grupos separatistas do norte do Cáucaso foram responsáveis pelo atentado.
Em pronunciamento na TV, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, declarou “guerra” contra o terrorismo e prometeu “não descansar” enquanto não erradicá-lo do país. “A política de esmagamento do terror na Rússia e a luta contra os terroristas continuará. Prosseguiremos as operações contra os terroristas sem vacilações e até o final”, disse.
Já o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que voltou às pressas de uma viagem à Sibéria, lamentou a morte das vítimas e prometeu que “os terroristas serão liquidados”. O premiê também manifestou a intenção de aprovar indenizações para as famílias das vítimas ainda hoje.
A região do norte do Cáucaso, no sul da Rússia (entre os mares Negro e Cáspio), tem grande presença muçulmana e de grupos separatistas, como os da Tchechênia, que vem promovendo atentados a bomba em cidades russas. Para o governo russo, isso faz com que os tchetchenos “liderem a lista de suspeitos”.
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De acordo com a polícia, peritos e criminalistas encontraram partes dos corpos das duas mulheres-bomba e utilizarão os restos mortais para identificá-las.
Já os agentes de segurança estão em busca de outras duas mulheres de origem eslava que acompanhavam as suicidas até a entrada do metrô e que foram filmadas pelas câmeras de segurança.
O jornal digital russo Lifenews divulgou informações de outros possíveis suspeitos: um homem de cerca de 30 anos de idade e três muçulmanas, que levantaram desconfiança pelo fato de uma delas ter ajoelhado na estação para rezar.
Interpretações
O alarmismo criado pelo ataque ganhou repercussão internacional, e não apenas entre as autoridades. No site oficial da TV catariana Al-Jazira, especialistas analisam as acusações.
De acordo com a analista política Marsha Lipman, do Centro Carnegie de Moscou, é complicado responsabilizar pessoas sem provas, mas “a Rússia tem uma história trágica do terrorismo originária no norte do Cáucaso, o que aumenta suspeitas em relação a grupos da região”.
Já o analista Aleksandr Nekrassov, ex-assessor do presidente Boris Iéltsin (1991-1999), o fato de as mulheres-bomba estarem envolvidas sinaliza a relação com do norte do Cáucaso, já que esse tipo de ação é característica do grupo.
“Outro ponto importante é a localização da Lubyanka, que está muito próxima do FSB, antiga KGB. Atacar essa área é uma forma de os responsáveis ameaçarem o governo e dizer ‘nós podemos atingi-lo, podemos chegar até vocês a qualquer momento’”, disse.
O pesquisador Martin McCauley, especialista em Rússia da Universidade de Londres, acredita até mesmo em vingança, já que o FSB tem grande presença no Cáucaso, a contragosto da população. Porém, McCauley não descarta outras possibilidades.
“Há outros opositores do governo. Tivemos um trem que descarrilou entre Moscou e São Petersburgo e é muito difícil dizer exatamente quem foi o responsável”, lembra.
Medo por imitação
Além de governos locais na Rússia, os primeiros a condenar os ataques foram os Estados Unidos. O presidente Barack Obama disse que “o povo americano é solidário com o povo da Rússia na oposição ao extremismo e aos atrozes atentados terroristas que demonstram tal indiferença à vida humana, e condenamos estes atos monstruosos”.
Pouco tempo depois das explosões em Moscou, a polícia em Nova York reforçou as medidas de segurança no sistema de metrôs da cidade, como forma de precaução.
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