O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou hoje (29) que o Brasil deve liderar a presença política da América Latina no mundo não apenas por vontade própria e para se fortalecer, mas por ser o único com condições para isso, devido ao volume de recursos que possui.
“O mundo está se organizando em blocos gigantescos, e nosso porta-voz deve ser o Brasil. O problema é que quem convida paga o almoço”, disse o presidente uruguaio, referindo-se ao preço político e econômico que envolve a liderança brasileira.
De acordo com Mujica, que se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às 19h, no Itamaraty, a posição do Brasil em relação à Unasul (União das Nações Sul-Americanas) é outro tema extremamente relevante, já que o país é o membro mais ativo internacionalmente. Além disso, o presidente uruguaio quer que a entidade seja mais bem-sucedida em termos comerciais e de união do que o Mercosul, que, para ele, ainda apresenta “problemas evidentes”.
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Mujica elogiou o presidente Lula, com quem disse manter uma relação de amizade há muitos anos. “O Brasil sempre nos ajudou quanto tivemos dificuldades comerciais”, lembrou.
“O Brasil é o nosso principal sócio comercial. Temos que viabilizar o fluxo da comercialização de produtos lácteos, da carne e dos grãos entre os dois países, pois isso é muito importante para o Uruguai”, afirmou o presidente uruguaio.
Ministros
Após as declarações de Mujica, que reforçaram a vontade de intensificar o comércio com o Brasil, ministros dos dois países se reuniram para discutir relações bilaterais, antecedendo o encontro entre os presidentes.
Reunidos, o ministro uruguaio da Indústria, Roberto Kreimerman, o ministro brasileiro das Comunicações, Hélio Costa, e o do Desenvolvimento, Miguel Jorge, discutiram acordos comerciais e a escolha do sistema de televisão digital que será adotado pelo Uruguai.
Segundo a agência de notícias espanhola Efe, foram analisadas as possibilidades para aumentar as trocas bilaterais, que em 2009 somaram 2,6 bilhões de dólares. Além disso, os ministros uruguaios mostraram interesse na revisão de alguns impedimentos comerciais existentes entre os dois países, que impõem obstáculos à entrada de produtos ao Brasil.
A reunião entre Lula e Mujica tem como pontos principais as relações comerciais e de investimentos mútuos, a integração das cadeias produtivas e o desenvolvimento de obras de infraestrutura nas áreas de fronteira, como interconexão elétrica, a integração das redes ferroviárias e a construção de uma nova ponte na fronteira.
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