O presidente de honra do Comitê Olímpico Internacional (COI), Juan Antonio Samaranch, morreu nesta quarta-feira em Barcelona, aos 89 anos de idade, confirmou o hospital onde ele estava internado à agência de notícias espanhola Efe.
A morte ocorreu por volta das 13h25 local (8h25 em Brasília) por causa de uma parada cardíaca. Minutos antes, tinha sido divulgado um boletim médico informando que o Samaranch se encontrava em estado de “choque irreversível” e que seu estado era “crítico”.
Samaranch morreu na UTI do Hospital Quirón de Barcelona, onde estava internado desde domingo por insuficiência cardíaca aguda. No momento da morte, ele estava rodeado de familiares e amigos.
O falecimento provocou comoção na Espanha, onde o ex-presidente do COI era uma das figuras públicas mais conhecidas.
Do fascismo ao olimpismo
Juan Antonio Samaranch Torello nasceu em 1920, numa família abastada da Catalunha (leste da Espanha). Na juventude, foi atleta, praticando o hóquei sobre gelo e o futebol. Estudou administração em Barcelona e foi também diplomata, sendo embaixador espanhol na União Soviética e na Mongólia (de 1977 a 1980).
Em 1938, durante a Guerra Civil Espanhola, foi alistado à força no exército republicano, mas ideologicamente era fascista. Fugiu para a França e, após a vitória do franquismo, retornou e se filiou à Falange Espanhola (o partido fascista de Franco).
Em 1980, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Moscou – sob polêmica por causa de um boicote liderado pelos Estados Unidos -, Samaranch foi eleito presidente do Comitê Olímpico Internacional. Teve de lidar com os problemas políticos mais uma vez em 1984, quando a URSS retaliou e boicotou os jogos de Los Angeles, nos EUA.
A gestão de Samaranch no COI foi responsável por uma gradual profissionalização e comercialização do movimento olímpico, com a entrada de atletas profissionais nas modalidades (até então, o princípio do Barão de Coubertin aceitava apenas atletas amadores) e contratos milionários de merchandising e transmissão por TV. Com isso, a cada edição, os jogos ficavam mais espetaculares e abrigavam mais delegações. O COI passou a ter mais países filiados do que a ONU.
Barcelona'92
Sua maior conquista pessoal durante o mandato foi a realização dos Jogos Olímpicos de Barcelona, sua cidade natal, em 1992. Décadas antes, a capital catalã tinha sido escolhida pelo COI para sediar os jogos de 1940, que tiveram de ser cancelados por causa da Segunda Guerra Mundial.
Em 2001, Samaranch decidiu não se candidatar a um quinto mandato, e foi sucedido pelo belga Jacques Rogge. Em reconhecimento, recebeu o posto simbólico de “presidente de honra” do COI.
Desde 1991, às vésperas dos jogos de Barcelona, tinha o título nobiliárquico de Marquês de Samaranch, concedido pelo rei Juan Carlos I. Viúvo, deixa dois filhos, que também seguiram carreira administrativa no esporte: Juan Antonio, membro do COI desde 2001, e María Teresa, presidente da Federação de Esportes de Gelo.
*Com Agência EFE.
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