O fim desta terça-feira (31/5) em Israel e nos territórios palestinos viu mais um dos protestos contra as ações do governo israelense contra a Faixa de Gaza, motivado pelo ataque da véspera contra a chamada Flotilha da Liberdade, comboio naval que levava ajuda humanitária.
Cerca de 200 pessoas no bairro árabe de Wadi Nisnas, centro de Haifa, norte de Israel, manifestaram repúdio ao ataque. O diretor da organização Mossawa (“igualdade”, em árabe), Jafar Farah, disse ao Opera Mundi que os movimentos são importantes, mas que os manifestantes devem ter cuidado.
“Tivemos uma grande discussão sobre como proceder. Alguns queriam caminhar com a passeata, outros apenas marcar presença em um local. Devemos ter cuidado para não entrar em confronto com a polícia israelense. O foco deve ficar no que aconteceu em alto-mar, contra a frota que ia para Gaza. Não podemos dar chance para que façam de possíveis confrontos aqui dentro o centro das atenções”, explicou, enquanto deixava o local da manifestação.
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Na manifestação, as bandeiras palestinas e os gritos de “Falastin” (“Palestina” em árabe) aglomeravam-se, mas de vem em quando um ônibus de linha passava, empunhando a bandeira de Israel. Em meio às discussões sobre o ataque, as nacionalidades novamente ganham terreno.
Cidade-fantasma
A paralisação convocada por grupos palestinos espalhou-se pelo território da Terra Santa, nas cidades de Tel Aviv, Ramalá e Jerusalém Oriental. Um passeio pela cidade velha de Jerusalém mostrava o silêncio do luto misturado ao protesto. Na véspera, o lugar já havia sido local de pequenos confrontos corriqueiros entre palestinos e a polícia de fronteira.
Nesta terça, poucos vendedores tentavam manter as vendas ativas. Um deles, chamando turistas em voz baixa, disse que a paralisação deve durar três dias. No bairro cristão, enquanto um dos poucos guias turísticos se aventurava passeando com estrangeiros, um palestino apontava para ele e alertava: “Não confie nele: é um israelense”.
Um motorista de van palestino, que faz a rota Jerusalém–Tel Aviv e não quis se identificar, deixou claro o descontentamento com outros palestinos que levavam atividades normais. “São israelenses”, ironizou. A “nova e brevíssima guerra de Gaza”, como chamou o jornal Haaretz em artigo, provocou mais uma paralisação em uma terra cheia de motivos para protestar.
Arturo Hartmann/Opera Mundi
Bandeira turca ao lado de outra israelense em bairro muçulmano de Jerusalém
Já no bairro muçulmano, o lojista Jihad, e apesar de não ter aderido à paralisação, foi um dos poucos a protestar. Passou o dia dividindo-se entre angariar clientes e explicar o que considera mais um absurdo israelense, demonstrando prática em ambas as atividades.
Em uma das portas da loja de lembrancinhas, pendurou uma bandeira da Turquia, país-herói do momento para os palestinos. Usou uma camisa com um polvo que tinha na testa o símbolo combinado da estrela de Davi e da suástica nazista, engolfando e virando um barco chamado Gaza – desenho feito em 2010 pelo cartunista brasileiro Carlos Latuff.
A bandeira turca disputava lugar na paisagem com a israelense, tremulando na parte de cima de um dos assentamentos israelenses dentro da cidade velha.
Repatriação
No fim do dia, o governo de Israel anunciou que nas próximas 48 horas vai deportar as centenas de ativistas detidos na abordagem dos navios
Um comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, anunciou que a decisão foi tomada após a reunião com os ministros do Interior, Eli Yishai, e Defesa, Ehud Barak.
“O cálculo é de que serão completadas em aproximadamente 48 horas”, conclui o texto, sobre a repatriação dos membros da Flotilha.
*Com agência EFE.
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