A cidade de Marselha, que vai receber a tocha olímpica no dia 8 de maio, enfrenta uma greve dos coletores de lixo. Enquanto a população e o Comitê Organizador dos Jogos Paris 2024 preparam uma grande festa no antigo porto da cidade para receber a tocha, o cenário em vários bairros da cidade que acolhe o símbolo olímpico é de lixeiras transbordando.
Desde o dia 30 de abril, coletores de lixo de dois bairros de Marselha cruzaram os braços. Em 3 de maio, o movimento se espalhou para outros bairros. Há dois dias, apenas 4 dos 30 caminhões disponíveis saíram das garagens, segundo o jornal La Provence.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou uma greve por tempo indeterminado e exige aumentos salariais e redução da jornada de trabalho. Em meio a esse clima, desembarca na França a tocha olímpica, depois de cruzar o Mediterrâneo a bordo do veleiro Belém.
Os avisos de greve se multiplicam no país-sede dos Jogos Olímpicos. A cultura também se mobiliza. Um coletivo de trabalhadores do cinema convocou esta segunda-feira (06/05) uma greve “de todos os funcionários do Festival de Cinema de Cannes e seções paralelas” com o objetivo de “perturbar”, uma semana antes da abertura do maior evento da 7ª arte.
Outra preocupação permanente é uma ameaça de greves nos transportes públicos durante os Jogos Olímpicos de Paris.
Tudo pronto para receber a tocha
Após 12 dias de navegação no Belém, o veleiro de três mastros francês que trouxe a tocha olímpica da Grécia, a viagem termina nesta quarta-feira (08/05) em Marselha, onde 150 mil pessoas deverão acompanhar as festividades. Tudo sob a supervisão de um grande esquema de segurança.
Esta é a primeira vez que a chama olímpica vem à França para uma olimpíada. Embora Paris tenha sediado os Jogos Olímpicos antes, em 1900 e 1924, a ideia da chama Olímpica só começou em 1928, nos Jogos de Amsterdã. Sua última aparição no território francês remonta a 1992, na Olimpíada de Inverno em Albertville.
Acesa em 16 de abril em Olímpia, na Grécia, a tocha deve chegar a Paris para a cerimônia de abertura, no dia 26 de julho. Antes, começando pelo antigo porto de Marselha, na presença do presidente Emmanuel Macron, ela iniciará sua jornada pela França.
Segurança reforçada
O Belém é aguardado para um dia inteiro de festividades, que começam com um grande desfile marítimo, acompanhado por mil barcos. Por volta das 19h00, pelo horário local, 14h em Brasília, o Belém deve entrar no Porto Velho, onde será saudado por fogos de artifício, ao som da Orquestra Filarmônica de Marselha. A festa continuará com um show com os rappers de Marselha, Soprano e Alonzo.
Um sistema de segurança descrito como excepcional será implantado na cidade para esta festa, que acontece em um contexto internacional tenso, marcado pelos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.
A chegada da chama olímpica a Marselha marca o início de um período de segurança reforçada na França, que culminará com a cerimônia de abertura dos Jogos em Paris, e que vai durar até ao final dos Jogos Paralímpicos.
A primeira etapa deste “extraordinário desafio de segurança”, é a chegada da tocha a bordo do Belém, quando 6.000 policiais estarão mobilizados. “Um dispositivo excepcional para um evento excepcional”, resumiu o Secretário de Segurança Pública de Bouches-du-Rhône, Pierre-Edouard Colliex, na manhã desta segunda-feira.
A título de comparação, durante a visita do papa, em setembro de 2023, cerca de 4.500 policiais haviam sido convocados.
A tocha começará em Marselha um longo percurso de 12.000 quilômetros, atravessando mais de 400 cidades da França continental e dos territórios ultramarinos. Ao longo da sua viagem, ela sempre estará cercada de 115 policias, aos quais se somarão cerca de uma centena de forças móveis.
Um arsenal antidrone também será usado no cortejo para “manter afastado” qualquer aparelho voador “que poderia ser utilizado para fins terroristas ou perturbadores”, segundo a AFP.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 decorrerão num contexto de ameaça terrorista elevada na França, com o plano de vigilância em seu nível máximo desde 24 de março, após o ataque em Moscou reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).