Bolsonaro já cumpriu o que prometeu: temos 30 mil mortos
Graças à pandemia do coronavírus, o Brasil governado por Jair Bolsonaro cumpre aquela profecia e já tem seus 30 mil mortos
Atualizada às 19h51
Na famosa entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes, em maio de 1999, Jair Bolsonaro disse que os problemas do Brasil só seriam resolvidos com “uma guerra civil que matasse uns 30 mil”.
Graças à pandemia do coronavírus, o Brasil governado por Jair Bolsonaro cumpre aquela profecia e já tem seus 30 mil mortos. Dados divulgados nesta terça (02/06) apontam que 31.199 pessoas morreram de covid-19 no Brasil. Mas tudo leva a crer que isto é só o começo, já que, devido à falta das medidas necessárias para combater a doença, esse número pode facilmente duplicar, triplicar, e muito mais.
O governo se esforça para posar como quem não tem nada a ver com essa tragédia, mas a verdade é que o presidente fez de tudo para ajudar a marca a ser alcançada: menosprezou o problema, trocou duas vezes de ministro da Saúde, entrou em guerra com outras autoridades que tomavam as medidas corretas, incentivou atos que serviram para aumentar a propagação do vírus, e ainda faz campanha por um medicamento que aumenta o número de mortes.
Além disso, também usou o período para preparar o terreno para outra parte daquela horrível promessa. A parte da guerra civil, atiçando seus fanáticos contra as instituições e contra a democracia em si.
“Através do voto você não vai mudar nada neste país, nada! Absolutamente nada! Você só vai mudar, infelizmente, no dia que nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro… e fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil! Começando com FHC, não deixar pra fora não! Matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, em tudo quanto é guerra morre inocente. Eu até fico feliz se morrer, mas desde que vá outros 30 mil outros, outros junto comigo”, foi o que disse Jair Bolsonaro naquele então, na época em que Carlos e Eduardo Bolsonaro eram simples adolescentes – bom, há quem diga que continuam sendo.

Alex Pazuello/Semcom
Segundo mapa da Universidade Johns Hopkins, Brasil registra mais de 29 mil mortes por covid-19
Lembrando a declaração completa, e o seu descaso ao se referir à “morte de inocentes”, vemos que seu apreço pela vida dos demais é o mesmo de hoje em dia.
Durante a campanha, alguns dos seus eleitores questionaram este vídeo dizendo que “ele não é mais assim”, e o TSE chegou a condenar o PT por usá-lo durante a campanha – o que, na prática, significa dizer que o órgão eleitoral considerou que o partido estava mostrando Bolsonaro de um jeito que ele não é.
Uma vez na presidência, Bolsonaro mostrou que ainda é praticamente o mesmo daquele vídeo, só um pouco mais velho, hidrofóbico e perigoso. Um perigo que já se tornou fatal para 30 mil pessoas no Brasil, e muitas delas votaram por ele – que talvez as compute na lista dos “inocentes” daquela declaração.
E que certamente será fatal para muitíssimos mais, por covid, ações policiais, milicianas e o “passar da boiada” em terras indígenas e quilombolas, entre outras práticas que o também já famoso vídeo da reunião de 22 de abril mostraram ser o modus operandi do seu governo.
Os fascistas não mudam. Essa é uma lição que o país está aprendendo da pior forma, na prática, à custa de sangue e vidas de muitos. Por isso, é preciso começar desde já a construir o novo Brasil antifascista, por mais que isso custe meses, anos, não importa. Todos os países que passaram por isso o superaram, e o Brasil também pode, mas precisa começar a trabalhar em novos valores de humanidade desde já, e desde as bases. Não há tempo a perder.