Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Podcasts
Coronavírus

Coronavírus coloca saúde da Espanha de joelhos

Encaminhar Enviar por e-mail

Sistema de saúde espanhol é considerado um dos melhores do mundo, mas não tem conseguido lidar com a pandemia

Stefanie Müller

Deutsche Welle Deutsche Welle

Madri (Espanha)
2020-09-26T13:39:19.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Madri, com seus 6,6 milhões de habitantes, é novamente um epicentro europeu da pandemia de coronavírus. A cirurgiã Ángela Hernández, vice-presidente do sindicato AMYTS, que representa médicos e agentes de saúde, sabe exatamente o porquê: "Faltam equipes médicas em todos os lugares."

"Só no dia 22 de setembro, cerca de 3 mil pessoas foram internadas nos hospitais de Madri. Cerca de 400, em unidades de terapia intensiva. Estamos no limite", conta a médica.

A nova crise escancara deficiências persistentes. Testes para detectar o vírus não são oferecidos em aeroportos do país. Eles são feitos apenas em unidades de atenção básica – e apenas em casos suspeitos. Tudo isso porque não há laboratórios suficientes.

A frustração entre os madrilenos é grande, até porque eles realmente estão aderindo às regras de distanciamento de forma disciplinada, incluindo a exigência de máscara.

"É compreensível que ninguém esperasse a pandemia em março. Mas o fato de os políticos não terem aprendido nada é decepcionante", diz Hernández, que é mãe de três filhos. Ela não se cansa de reclamar de como os profissionais de saúde são mal remunerados na maioria das 17 regiões autônomas da Espanha.

O cálculo da capacidade excedente

Esse cenário também ocorre porque os cidadãos não contribuem muito em termos financeiros. Pelas regras do país, todos os habitantes têm de pagar pelo sistema de saúde público, mas os valores são pequenos em comparação com a Alemanha, por exemplo.

Para os autônomos, a contribuição ronda os 300 euros mensais (R$ 1.900), mas o valor também cobre a aposentadoria. "O sistema de saúde espanhol é rigorosamente calculado e projetado para que doenças graves sejam rapidamente identificadas e tratadas. Não sobram recursos para prevenção e reabilitação", afirma o especialista em saúde Alberto Giménez, chefe da Fundação Economia e Saúde em Madri.

Além disso, na Espanha, e especialmente em Madri, a população se concentra em um espaço limitado. "Muitas pessoas dividem apartamentos pequenos com outras porque os aluguéis são caros. É assim que elas acabam se infectando", diz Hernández, explicando o atual alto número de infecções em áreas da classe trabalhadora, como Carabanchel, um distrito no sul da capital espanhola.

A isso se soma o fato de o encaminhamento para um especialista ser feito por meio de postos de saúde. Eles atuam como filtros para que os hospitais não fiquem sobrecarregados. Por serem considerados atualmente uma fonte primária de infecção, esses postos diminuíram a oferta de consultas presenciais, o que por sua vez tem feito com que muitas doenças não sejam diagnosticadas. "Há uma longa lista de operações que ainda estão pendentes", relata Hernández. Os danos colaterais da pandemia serão, portanto, particularmente altos na Espanha nos próximos meses.

picture-alliance/dpa/D. Zorrakino
Protesto de profissionais de saúde em Madri

Espanha x Alemanha

Considerando a baixa capacidade de aprendizado entre a classe política espanhola, fica a impressão de que os aplausos diários entre março e abril para médicos e enfermeiros que partiam das pessoas em isolamento não tiveram nenhum efeito. "Todos nós temos que pagar mais para que isso funcione também na pandemia", diz Hernández.

A Alemanha tem uma clara vantagem durante a pandemia, porque o país tem excesso de capacidade hospitalar e um sistema comparativamente ineficiente. O que era um problema antes da pandemia, agora é uma vantagem. A Alemanha tem cerca de 34 leitos de UTI por 100 mil habitantes, enquanto a Espanha tem pouco menos de dez. Enquanto no norte da Europa os hospitais são menores e mais bem distribuídos entre os habitantes, na Espanha eles estão concentrados nas grandes cidades – e falta oferta nas zonas rurais.

Ainda assim, o sistema espanhol funcionava melhor do que o alemão antes da pandemia. A Espanha tem a segunda maior expectativa de vida do mundo, depois do Japão. Madri e Barcelona também são polos de pesquisa médica. O país tem vários hospitais internacionais de primeira linha. E tudo isso a um custo não muito elevado.

Progresso digital, mas não em toda a rede

No entanto, a pandemia na Espanha explicitou que não há nenhuma autoridade como o departamento de saúde alemão que possa assumir o controle administrativo em todas as cidades durante uma emergência.

Muito já foi feito em termos de digitalização e coleta de dados. As receitas médicas são carregadas automaticamente no cartão de saúde, as consultas médicas são feitas online e existe até um arquivo digital de pacientes em Madri. Mas ainda há muitos problemas.

"É incompreensível que não tenhamos um sistema para rastrear e controlar os infectados”, queixa-se a enfermeira Rosa Gómez Honrato, da Plataforma de Centros de Saúde de Madri, que se dedica à atenção primária.

Durante o verão europeu, o governo de Madri queria contratar pessoas de forma voluntária para assumir as tarefas de um departamento de saúde. Mas acabou tendo que deslocar militares para essa tarefa.

"A ordem é economizar. Na prática, porém, somos nós no posto de saúde que temos que registrar os dados, sem nenhuma lógica, e depois contatar todos", reclama a enfermeira. "Perdemos muito tempo quando nos deparamos com 15 sobrenomes chineses e todos precisam ser escritos corretamente."

A sobrecarregada equipe médica madrilenha considera entrar em greve por causa desse cenário. "Sabemos que não é o momento certo, mas como não vimos qualquer melhoria desde março, este é nosso único instrumento", diz Hernández. Também estão sendo movidas ações judiciais contra os governos regional e central devido à má gestão na crise de saúde.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Após receber carta de Bolsonaro, EUA pedem que Brasil adote “medidas imediatas” contra desmatamento

Encaminhar Enviar por e-mail

Principal representante da Casa Branca saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal no Brasil; cacique Raoni disse que são mentirosas

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-04-16T22:40:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira (16/04) à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O principal representante da Casa Branca sobre questões ambientais saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas pediu que iniciativas com resultados concretos sejam implementadas imediatamente.

"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. “Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos”, insistiu o representante de Washington em uma postagem nas redes sociais.

Na quinta-feira (15/04), a Presidência brasileira divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris e, para isso, pede recursos da comunidade internacional. "Queremos reafirmar nesse ato (...) o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", dizia a texto.

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos para ignorar a promessa de Bolsonaro.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira. "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

U.S. Department of State
Governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro

Biden cogitou sanções econômicas antes de ser eleito

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de medidas de retaliação no exterior, na tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês Emmanuel Macron já criticou abertamente a posição de Brasília sobre a preservação do meio ambiente desde que Bolsonaro chegou ao poder. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro informou que pretende participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Cerca de 40 liderem mundiais devem marcar presença no evento.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Rua Rui Barbosa, 381 - Sala 31
São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 3012-2408

  • Contato
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Expediente
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados