O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira (26/03) a criação da primeira vacina brasileira contra a covid-19 e informou que buscará a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos ainda em abril deste ano.
Chamado de Butanvac, o imunizante já passou por todos os testes pré-clínicos. O Instituto participa de um consórcio que visa fornecer a vacina para países de renda baixa e média e os testes clínicos também serão realizados no Vietnã e na Tailândia. Porém, a prioridade de produção será com foco no mercado nacional.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que o pedido de liberação será protocolado ainda nesta sexta na Anvisa para iniciar o estudo clínico “o mais rápido possível”. “A vacina será totalmente produzida aqui e não dependeremos de nenhum insumo do exterior”, destacou.
Já o governador de São Paulo, João Doria, destacou que esse é um momento “histórico” e que é mais um passo importante para controlar a pandemia no Brasil. Os resultados pré-clínicos foram “promissores” e Doria ainda acrescentou que também nesta sexta-feira a documentação será protocolada para acompanhamento na Organização Mundial da Saúde (OMS).
A meta é ter 1,8 mil voluntários nas fases 1 e 2, e nove mil na fase 3. A junção das duas fases iniciais foi uma medida tomada por diversas empresas e laboratórios internacionais para acelerar a produção por conta da situação pandêmica atual.
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Chamado de Butanvac, o imunizante já passou por todos os testes pré-clínicos
A primeira delas avalia a segurança da vacina, a segunda verifica a produção de anticorpos contra o coronavírus e a terceira analisa se ela tem eficácia em proteger a doença.
A Butanvac usa um vírus inativado de uma das gripes aviárias, chamado de Newcastle, como vetor. O método tradicional de produção faz com que esse vírus, que não tem efeitos no corpo humano, leve a informação da proteína Spike do Sars-CoV-2 para as células fazerem a defesa do organismo.
O método de produção será em ovo, sendo a primeira do mundo a usar essa técnica, como é feita com a da gripe. Segundo Covas, esse é um método eficiente, barato e seguro. “O perfil de segurança é excelente. Estamos falando de uma segunda geração de vacinas, é uma geração 2.0. Nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora nós já sabemos o que funciona contra a covid”, acrescentou, ressaltando que ela terá melhor capacidade imunogênica do que as atuais.
A meta é que todo o processo de testes seja encerrado ainda neste ano, com a produção de 40 milhões de doses até o fim de 2021, contando a partir de maio. Covas ressaltou que a capacidade de produção é de 100 milhões de doses anuais e que espera que o processo de liberação permita que as primeiras doses sejam aplicadas a partir de julho deste ano.
O prazo acelerado, de acordo com Covas, é possível por conta do conhecimento adquirido até o momento com todas as vacinas no mundo.
(*) Com Ansa.