Considerado o maior festival de documentários cidadãos do planeta, o Megacities Shortdocs realiza sua nona edição este ano, na cidade de São Paulo. O evento busca promover, através de materiais audiovisuais, os projetos de iniciativa popular que buscam resolver problemas urbanos das grandes metrópoles através de soluções que sejam sustentáveis do ponto de vista ecológico, econômico e social.
Criado na França em 2015, o Megacities Shortdocs veio ao Brasil graças a uma parceria entre a ONG Métropole du Grand Paris, idealizadora do festival, e a plataforma São Paulo São.
Segundo os organizadores, a edição deste ano conta com 350 documentários, 80 deles brasileiros. Podem participar do festival tanto cineastas profissionais ou amadores, o único requisito é ser morador ou moradora de uma cidade com mais de um milhão de habitantes – no Brasil, há 17 grandes cidades que se enquadram nesse conceito, além de São Paulo e Rio de Janeiro, que são consideradas “megacidades”.
Segundo o designer Maurício Machado, sócio-diretor da plataforma São Paulo São e responsável pela vinda do festival ao Brasil, “a principal atração do evento este ano é a pluralidade das produções e o esforço dos realizadores para apontar caminhos interessantes, criativos e viáveis para melhorar a vida das pessoas nas grandes metrópoles”.
“Neste ano, nós percebemos a melhoria da qualidade das produções, que estão cada vez mais ligadas às questões sustentáveis e com um viés de solidariedade incrível. Acima de tudo, são os realizadores querendo mostrar que é possível transformar para melhor a vida das pessoas nas cidades”, acrescentou Machado, em conversa com Opera Mundi.
O designer também enfatizou a importância de se realizar um festival como esse em meio à situação que se vive atualmente no Rio Grande do Sul, e enaltece o fato de que boa parte das obras apresentadas lida com questões relacionadas aos efeitos das mudanças climáticas em grandes cidades, como Porto Alegre.
Cidade de 15 minutos
Outro nome importante da organização do Megacities Shortdocs é o urbanista franco-colombiano Carlos Moreno, considerado “embaixador” do festival e conhecido por seu conceito de “cidade de 15 minutos”, um modelo urbano funcional em que as necessidades diárias de todos os cidadãos, mesmo em megacidades, podem ser atendidas a pé ou de bicicleta em apenas 15 minutos.
“A ‘cidade dos 15 minutos’ é um conceito fruto de minhas pesquisas que procura recriar uma qualidade de vida, saindo do anonimato das metrópoles e de uma vida sempre apressada com longos percursos entre casa e trabalho. É assim que o tempo útil da vida é desperdiçado”, explicou Moreno a Opera Mundi.
A “cidade de 15 minutos” idealizada pelo urbanista está baseada em seis pontos essenciais: vida com dignidade, trabalho em boas condições, acesso à saúde, acesso à educação, acesso ao entretenimento e facilidade em adquirir produtos necessários para viver.
“A qualidade de vida acontece quando a distância para atingir esses objetivos é reduzida. Algo que ainda está muito distante da realidade brasileira, em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, mas que deve ser considerado e trabalhado o quanto antes, para que as próximas gerações possam viver uma vida melhor e mais saudável”, defende o acadêmico franco-colombiano.
Vencedores em Cannes e na TV Cultura
O Megacities Shortdocs realizará seu evento de premiação nesta segunda-feira (27/05), no Cine Reserva Cultural, na avenida Paulista, às 19h.
Serão entregues prêmios aos vencedores de cinco categorias: Melhor Curta Documentário, Melhor Curta Estudante, Crise Climática Urbana, A Cidade em 15 Minutos e a Melhor Iniciativa Urbana, além do Grand Prix global do ano.
Embora o encontro esteja reservado apenas para convidados, as obras vencedoras estarão à disposição do público, nas redes sociais do festival. Além disso, há uma parceria com a TV Cultura para que os curtas sejam exibidos pela emissora durante o mês de junho.
O vencedor do Grand Prix global do ano terá um prêmio extra: seu curta será exibido no Festival de Cannes.