Uma missão conjunta de funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU) obteve acesso ao hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, no último sábado (16/12) para entregar insumos de saúde e avaliar a situação do local. A equipe entregou medicamentos e suprimentos cirúrgicos, equipamentos de cirurgia ortopédica e materiais e medicamentos de anestesia ao hospital.
A equipe descreveu o departamento de emergência como um “banho de sangue”, com centenas de pacientes feridos dentro do hospital e novos pacientes chegando a cada minuto. Os pacientes com lesões traumáticas eram costurados no chão e o tratamento para a dor no hospital era limitado ou inexistente. A equipe da OMS disse que a sala de emergência está tão lotada que é preciso tomar cuidado para não pisar nos pacientes no chão. Os pacientes graves estão sendo transferidos para o Hospital Árabe Al-Ahli para serem operados.
De acordo com a OMS, o Hospital Al-Shifa, que atualmente está funcionando minimamente, precisa urgentemente retomar pelo menos as operações básicas para continuar a cuidar das milhares de pessoas que precisam de cuidados médicos que lhes salvem as vidas.
O Al-Shifa, que já foi o maior e mais importante hospital de referência de Gaza, agora abriga apenas alguns médicos e enfermeiros, além de 70 voluntários, que trabalham no que a equipe da OMS descreveu como “circunstâncias incrivelmente desafiadoras”, classificando-o como um “hospital que precisa de ressuscitação”.
Anas Baba / EU Civil Protection and Humanitarian Aid
Paciente recebe tratamento no hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, em dezembro de 2021
As salas de cirurgia e outros serviços importantes permanecem inoperantes devido à falta de combustível, oxigênio, equipe médica qualificada e suprimentos. O hospital só pode oferecer estabilização básica de traumas, não tem sangue para transfusões e mal conta com pessoal para lidar com o fluxo constante de pacientes. A diálise é fornecida a aproximadamente 30 pacientes por dia e as máquinas de diálise funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio de um pequeno gerador.
Dezenas de milhares de pessoas deslocadas estão usando o prédio e o terreno do hospital como abrigo. Muitas delas pediram à equipe da OMS que contasse ao mundo o que está acontecendo, na esperança de que seu sofrimento seja aliviado em breve. O hospital Al-Shifa continua enfrentando grave escassez de alimentos e água potável para os profissionais de saúde, pacientes e pessoas deslocadas. É um reflexo de preocupações sérias e crescentes sobre a fome persistente na Faixa de Gaza e as consequências da desnutrição sobre a saúde das pessoas e a suscetibilidade a doenças infecciosas.
“O Hospital Al-Shifa, a pedra fundamental do sistema de saúde de Gaza, deve ser restaurado com urgência para que possa cuidar de um povo sitiado, preso em um ciclo de morte, destruição, fome e doença”, resumiu a organização em um comunicado à imprensa.
Atualmente, o Hospital Árabe Al-Ahli continua sendo o único hospital parcialmente funcional no norte de Gaza, juntamente com três hospitais minimamente funcionais (Al-Shifa, Al Awda e Complexo Médico Al Sahaba), em comparação com os 24 existentes antes do conflito. A OMS também está seriamente preocupada com a situação do Hospital Kamal.