O conflito entre Israel e o grupo Hezbollah, um dos principais movimentos de combate à presença israelense no Oriente Médio, “afetou gravemente” o bem-estar de milhares de crianças no sul do Líbano, onde mais de 70 escolas foram fechadas, alertou a ONU nesta terça-feira (30/04), apelando a “um cessar-fogo imediato”.
“À medida que o conflito no sul do Líbano entra no seu sétimo mês, estamos profundamente alarmados com a situação das crianças e famílias que foram forçadas a abandonar as suas casas”, disse o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Líbano, Edouard Beigbeder.
Em um novo relatório da instituição, Beigbeder expressou preocupação com “o impacto profundo e de longo prazo da violência na segurança, saúde e acesso à educação das crianças”.
Desde 7 de outubro, a ONU indica que mais de 92 mil pessoas, incluindo cerca de 30 mil crianças, foram deslocadas na Faixa de Gaza devido a trocas de tiros entre o Exército israelense e o movimento islâmico libanês Hezbollah, que afirma intervir em apoio ao seu aliado palestino, o Hamas, em guerra contra Israel.
Segundo o Unicef, 20 mil estudantes foram “seriamente afetados” pelo fechamento de mais de 70 escolas e 4 mil crianças sofrem o impacto do fechamento de cerca de vinte centros de saúde.
Além das consequências da guerra, o Líbano enfrenta uma terrível crise econômica desde 2019, que mergulhou a maioria da população abaixo da linha da pobreza, segundo a ONU, e atingiu duramente o setor da educação, que era um dos orgulhos do país.
Sofrimento psicológico
O Unicef destaca, também, o impacto emocional do conflito nas crianças e nas suas famílias, lamentando “níveis alarmantes de sofrimento psicológico”, especialmente devido aos deslocamentos, mas também aos “bombardeios” e aos “ataques aéreos incessantes”.
“Se este conflito continuar a se intensificar (…) as repercussões sobre as crianças serão devastadoras”, disse o porta-voz do Unicef, James Elder, numa conferência em Genebra, nesta terça-feira.
O número de crianças encaminhadas para programas de combate à desnutrição triplicou no ano passado, alertou Ettie Higgins, do Unicef, na conferência.
Em quase sete meses de violência, oito crianças foram mortas e outras 75 ficaram feridas no Líbano, segundo o Unicef. “Apelamos a um cessar-fogo imediato e à proteção de todos os civis, especialmente das crianças”, disse Beigbeder. Caso contrário, “o Líbano corre o risco de uma guerra em grande escala que teria impacto devastador sobre 1,3 milhão de crianças” no país, conclui o relatório.