Hoje na História: 1922 - Descoberta a tumba de Tutancâmon
Ao lado do deslumbramento da descoberta, vieram à luz acontecimentos intrigantes que se tornaram famosos como “A maldição de Tutancâmon”
Atualizada em 05/11/18 às 10:20
O mausoléu de Tutancâmon, faraó da 18ª dinastia egípcia, foi descoberto em 5 de novembro de 1922 no Vale dos Reis, perto de Luxor, pelos egiptólogos ingleses Howard Carter e o Lorde Carnarvon. Tutancâmon, morto em 1346 a.C., aos 18 anos, foi genro de Aquenáton e ascendeu ao trono após o breve reinado do sucessor de seu sogro.
Em 23 de fevereiro de 1923, os arqueólogos Carter e Carnarvon abriram o sarcófago: para espanto geral, a múmia estava intacta e, com o rico mobiliário funerário ao redor, constituía um tesouro inestimável – emblematicamente, a máscara mortuária feita de ouro trabalhado a mão. Como seu mausoléu foi o único no Vale dos Reis a nunca ter sido saqueado em mais de 3 mil anos, o faraó-menino se tornaria o mais célebre de todos os soberanos do Egito Antigo.
Contudo, ao lado do deslumbramento da descoberta, viriam à luz acontecimentos intrigantes que se tornaram famosos como “A maldição de Tutancâmon”. Segundo jornais da época, uma frase teria sido encontrada no portal do mausoléu, em hieróglifos, dizendo “A morte abaterá com suas asas quem perturbar o sono do faraó”. Coincidência ou não, sete anos depois, 13 membros da equipe haviam morrido de formas inexplicáveis.
A primeira morte aconteceu em abril de 1923. Lorde Carnarvon, que acompanhou Carter e financiou a expedição, começou a agonizar em seu quarto, em Luxor. Os médicos falaram que a causa da febre alta era alguma moléstia provocada por picadas de mosquitos. No entanto, sua irmã, Lady Burghclere, disse que ouvia o doente mencionar o nome Tutancâmon em meio aos delírios.
O arqueólogo americano Arthur Mace, que havia ajudado Carter a derrubar os muros do mausoléu, teve uma morte ainda mais estranha pouco tempo depois. Por vários dias, queixou-se de uma sensação de fraqueza, prostração e perda de consciência. Morreu em um hotel, antes mesmo que os médicos pudessem arriscar um diagnóstico.
O milionário americano George Gould foi outra vítima. Ele esteve no sepulcro a convite de Carnarvon e morreu na tarde seguinte à visita, também atacado por febre. Archibald Reed, que desenrolou e radiografou a múmia, morreu com os mesmos sintomas ao retornar à Inglaterra, em 1924. O secretário de Carter, Richard Bethell, foi encontrado morto em sua casa em Londres. Tinha boa saúde e ninguém entendeu a razão da morte. No mesmo ano, em 1929, a viúva de Carnarvon, Lady Almina, morreu em circunstâncias semelhantes às do marido.
A “maldição” de Tutancâmon entrou para a história como um dos fatos mais inexplicáveis a desafiar os arqueólogos. Muitos acreditaram em uma força sobrenatural. Vários textos teriam sido encontrados no sepulcro, como por exemplo os dizeres “Eu sou aquele que fez fugir os saqueadores dos túmulos com a chama do deserto”.
Outros afirmavam que as mortes dos exploradores estrangeiros seriam vingança do faraó contra os britânicos por terem feito uma verdadeira pilhagem das riquezas egípcias. Comentava-se que a filha de Carnarvon frequentava festas em Londres ostentando as jóias encontradas no sepulcro. Além disso, seu pai montou uma imensa coleção de raridades egípcias. De acordo com registros, o arqueólogo Carter encontrou 200 quilos de ouro maciço decorando o túmulo do soberano.
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Faraó-menino se tornaria o mais célebre de todos os soberanos do Egito Antigo
A maldição do faraó nunca foi totalmente esclarecida. Uma das hipóteses era que alguns dos exploradores teriam sido infectados por fungos, talvez plantados deliberadamente no túmulo pelos sacerdotes da corte faraônica. Mesmo assim, cientistas ainda se admiram com a eficiência dos embalsamadores egípcios. Em 1987, na cidade de Lyon, na França, equipes de arqueólogos e médicos realizaram, pela primeira vez, uma autópsia completa na múmia de um nobre egípcio enterrado mais de 2.500 anos antes. Os resultados deixaram os pesquisadores estarrecidos: os tendões da mão da múmia mantinham o tom rosado; os pés estavam perfeitamente conservados; as vísceras tinham sido retiradas e a cavidade tratada com resinas especiais. No interior do crânio, sem o cérebro, os sacerdotes tinham colocado betume.
O mesmo teria acontecido com a múmia de Tutancâmon, não fosse a imprudência dos pesquisadores. Nos mais de 30 séculos em que esteve sepultado sofreu menos danos do que nos 75 anos desde a retirada da tumba. Atualmente, o sarcófago de ouro, a máscara e a múmia encontram-se no Cairo.
