Apesar das críticas dos Estados Unidos à reação violenta do regime do Bahrein em relação às recentes manifestações populares que agitaram o país, o rei Hamad bin Issa al Khalifa é considerado um importante aliado para os interesses dos norte-americanos no Golfo Pérsico.
Em um documento publicado pelo Wikileaks, datado de junho de 2007, o pequeno arquipélago barenita Bahrein é apontado como uma “figura proeminente na nossa capacidade (dos EUA) de atingir objetivos centrais da nossa política nesta região”.
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O despacho, escrito pelo então embaixador Adam Ereli, afirma que “a relação bilateral é forte” com o país árabe e, para o rei, os Estados Unidos seriam uma “garantia de segurança” – a 5ª Frota Naval norte-americana está localizada no Bahrein.
Aliado de Israel
Outra mensagem, escrita no mesmo mês, alerta os EUA sobre a reação negativa gerada em relação ao artigo que o rei al Khalifa havia publicado no Washington Post. Nele, o monarca pregava a defesa e a aproximação dos países árabes com Israel.
Na época em que foi o escrito o artigo de Khalifa, o presidente Obama recebia críticas de Israel, insatisfeita pela cobrança do novo presidente dos EUA sobre a continuidade dos assentamentos na Cisjordânia. A mensagem do rei do Bahrein serviu como demonstração que os norte-americanos continuariam trabalhando ao lado de Israel.
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Já no Bahrein, tantos os sunitas, minoria a qual a família real pertence, como os xiitas, maioria que pede maior abertura no regime, criticaram a posição favorável a Israel. Um blog sunita afirmou que: “ele (Khalifa) precisa primeiro ganhar a confiança de seu próprio povo, antes de tentar conquistar a do povo israelense”, lembra o embaixador.
Outro blog, que pertence a um xiita, publicou uma série de fotos com adultos e crianças mortos ou mutilados na faixa de Gaza. O objetivo da postagem seria “despertar a consciência do rei e forçá-lo a reconsiderar sua iniciativa”.
Alianças
Ereli lembra que os norte-americanos precisam pensar em como dar respaldo ao posicionamento do rei pró-Israel e aponta que a visita de George Mitchell, enviado dos EUA para a região, poderia ser uma forma de deixar isso claro.
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O diplomata explica que os empresários, intelectuais e ex-funcionários do governo não apoiam a mensagem de Khalifa devido à “longa lista de crimes (assentamentos, prisões, ataques contra populações civis)” israelense.
Após conversar com o rei e com funcionários do alto escalão do Bahrein, o embaixador afirma que, independente das críticas e das reações contrárias, o posicionamento favorável a Israel seria mantido. Porém, afirma que seria importante que Khalifa recebesse algum apoio.
“Eles não devem, no entanto, carregar esse fardo sozinho. Seria melhor para nós e para eles se o centro das atenções pudesse ser compartilhado com outros”, diz a mensagem.
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