*Reportagem atualizada às 10h
para acréscimo de informações
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou nesta segunda-feira (18/07) em Pretória, na África do Sul, que o Parlamento não vai entrar em recesso de verão nesta terça-feira (19/07), como previsto, e fará na quarta-feira (20/07) uma sessão extraordinária sobre o escândalo das escutas.
Na entrevista coletiva que seguiu a reunião com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, Cameron defendeu por uma nova sessão parlamentar para que ele possa explicar as novidades da investigação em torno das escutas telefônicas do jornal News of the World.
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“Vou pedir que o Parlamento se reúna mais um dia, na quarta-feira, para que eu possa dar uma nova declaração sobre os detalhes da investigação judicial”, disse o premiê, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Efe
O premiê britânico e o presidente sul-africano
Com tiragem de 2,7 milhões de exemplares, o News of the World é acusado de ter tido acesso ilegalmente a mensagens de celulares de
mais de quatro mil pessoas com a finalidade de obter informações
exclusivas para reportagens. As acusações já eram conhecidas, mas o
escândalo ganhou força nas últimas semanas com a revelação de novos
detalhes sobre o caso.
O escândalo levou Murdoch fechar o tablóide. O último número foi publicado no domingo passado (10/07).
Pressão política
De acordo com a BBC, o Partido Trabalhista, da oposição, pretende questionar Cameron novamente sobre sua decisão de contratar Andy Coulson como porta-voz, mesmo após as primeiras revelações de escutas ilegais feitas pelo News of the World.
Para a deputada Yvette Cooper, porta-voz do Partido Trabalhista para assuntos de Justiça, as declarações de Stephenson indicam uma “preocupação muito grave de que o chefe da polícia se sentiu incapaz de falar ao primeiro-ministro e à ministra do Interior sobre essa questão operacional com Neil Wallis por causa da relação do primeiro-ministro com Andy Coulson”.
Na África do Sul, Cameron afirmou que está disposto a responder “às perguntas que surjam” na Câmara dos Comuns.
Diante das críticas que recebeu por sair do país enquanto o escândalo se intensifica, Cameron respondeu que é “importante” que viaje ao exterior para fazer negócios em um momento em que o país precisa de “investimento, crescimento e empregos”.
A renúncia do chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, por conta do escândalo surpreendeu Cameron na África do Sul neste domingo, no início de uma visita de cinco dias ao continente.
Segundo a emissora sul-africana Talk Radio, Cameron poderia encurtar sua visita à África do Sul e, após viajar nesta terça-feira à Nigéria, deve retornar a Londres.
No domingo, Rebekah Brooks foi presa. Ela foi executiva-chefe do grupo News International, do magnata Rupert Murdoch, no Reino Unido. Rebekah foi solta após pagar fiança na madrugada da segunda-feira, depois de ser interrogada pela Scotland Yard.
Na sexta-feira passada, Cameron anunciou que as denúncias sobre os grampos seriam investigadas por dois inquéritos públicos independentes. Um deles deve ser coordenado por um juíz e vai começar logo após o fim dos trabalhos policiais. O governo quer saber porque a polícia falhou no primeiro inquérito sobre o caso. A outra investigação será conduzida por um corpo misto e terá como alvo a cultura, a prática e a ética da imprensa britânica. O objetivo é entender como os jornais são regulados e fazer recomendações para o futuro.
O primeiro-ministro afirmou ainda que “a imprensa é livre, mas não está acima da lei”. Para ele, “o jeito como a imprensa é regulada no Reino Unido já não funciona mais”, O primeiro-ministro disse que o problema é coletivo. “Estamos todos juntos nisso. A imprensa, os líderes, os partidos, incluindo eu mesmo”, completou o líder britânico.
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