Apesar de prisões, partido governista de Angola diz apoiar iniciativas da sociedade civil
Apesar de prisões, partido governista de Angola diz apoiar iniciativas da sociedade civil
Um dia após a Justiça angolana condenar 18 jovens presos durante protestos contra o presidente José Eduardo dos Santos, o primeiro-secretário do MPLA (Movimento Popular de Libertação da Angola), Ernesto Muangala, declarou que o partido governista apoia iniciativas da sociedade civil.
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“Nosso partido, em seu programa, considera a liberdade de associação como uma condição indispensável à democracia na busca de soluções concretas para os problemas que dizem respeito à vida das comunidades”, salientou Muangala, segundo a agência pública de notícias Angola Press. Além de primeiro-secretário do partido, Muangala também é governador do estado de Luanda Norte.
Ainda de acordo com a agência, Muangala reconheceu que seu partido – o mesmo do presidente Santos – tem de ser mais imaginativo para inspirar e apoiar as iniciativas da sociedade civil angolana. O primeiro-secretário da legenda destacou que, além de aperfeiçoar os mecanismos de participação popular na vida partidária, o MPLA defende que o Estado reconheça o valor insubstituível da iniciativa cidadã, apoiando e estimulando as diversas formas de engajamento na reconstrução e desenvolvimento de angola.
O grupo de 21 jovens julgados na última segunda-feira (12/09) foi preso no último dia 3. O julgamento, cercado por um forte esquema de segurança, teve início na última quinta-feira (08). A Polícia Nacional justificou as prisões alegando que os manifestantes promoveram a desordem pública ao desrespeitar os pré-requisitos impostos pelas autoridades que autorizaram a realização da marcha.
Durante o primeiro dia de julgamento, a Polícia Nacional voltou a reprimir protestos registrados em vários pontos da capital e mais manifestantes foram presos. Entre os detidos estava o líder da juventude do partido de oposição Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), Mfuka Muzemba.
Para esta terça-feira (13) está previsto o início do julgamento de mais 30 jovens presos por fazerem protesto de solidariedade ao primeiro grupo.
Santos é, hoje, o líder africano há mais tempo no cargo. Ele está na presidência do país desde 1979. Desde abril de 2002, quando a Unita e o MPLA puseram fim à guerra civil que já durava 27 anos e tirou a vida de centenas de milhares de pessoas, houve apenas uma eleição legislativa, em 2008. Novas eleições estão previstas para o próximo ano. Os jovens angolanos exigem que José Eduardo dos Santos deixe a Presidência do país e pedem a instalação de um regime democrático.
Na segunda, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o ministro da Defesa de Angola, Candido Van-Dúnem, disse que o governo não teme uma onda de protestos. Ele negou excessos na prisão dos jovens, frisando que, em seu país, as manifestações são permitidas, desde que respeitem a legislação. “Qualquer ação [punitiva] que possa decorrer de desacatos protagonizados por indivíduos ou grupos de cidadãos encontra respaldo na lei.”
Desde o início deste ano, uma série de protestos tem tomado países como a Líbia, a Tunísia, a Síria, o Iêmen e o Egito. Algumas dessas manifestações levaram à queda de líderes como Hosni Mubarak (Egito) e Zine El Abidine Ben Ali (Tunísia) – que se perpetuavam há décadas no poder.
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Elon Musk é processado por acionistas do Twitter
Ação nos EUA acusa bilionário de fazer postagens em redes sociais com objetivo de manipular o mercado
Acionistas do Twitter abriram um processo contra o empresário Elon Musk por manipulação de mercado, acusando o bilionário de agir para baixar o preço das ações da empresa de mídia social a fim de possivelmente negociar um desconto em sua oferta para comprar a companhia ou mesmo abandonar o negócio.
A ação, apresentada na quarta-feira (25/05), alega que o fundador das empresas Tesla e SpaceX fez uma série de declarações públicas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo de compra do Twitter, o que vem provocando alvoroço na rede social há semanas.
O processo pede a um tribunal federal de São Francisco que apoie a validade do acordo de compra, no valor de 44 bilhões de dólares, e compense os acionistas por quaisquer danos.
O imbróglio
No fim de abril, o conselho de administração do Twitter aprovou a oferta pública de compra da empresa feita por Musk, que assumiria a companhia integralmente e fecharia seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.
O empresário, que é o homem mais rico do mundo, disse que pretendia pagar aos acionistas 54,20 dólares por ação – o equivalente a cerca de 44 bilhões de dólares.
Mas em 13 de maio, Musk anunciou que suspendeu temporariamente o acordo de compra, citando detalhes pendentes sobre a proporção de contas falsas na rede social.
"O acordo sobre o Twitter está temporariamente suspenso à espera de detalhes pendentes que respaldem o cálculo de que as contas spam/fake representam de fato menos de 5% dos usuários", escreveu o bilionário no próprio Twitter.
Após o anúncio, as ações da plataforma caíram mais de 17%, para 37,10 dólares, o nível mais baixo desde que Musk anunciou que pretendia comprar a rede social.

Dado Ruvic/REUTERS
Com preço das ações mais baixo, Musk poderia negociar um desconto em sua oferta para comprar a empresa ou mesmo abandonar o negócio
De acordo com o processo apresentado nesta semana, o tuíte de Musk dizendo que o negócio estava "temporariamente suspenso" ignora o fato de que não há nada no contrato de compra que permita que isso aconteça.
Além disso, Musk negociou a compra do Twitter no final de abril sem realizar a devida diligência esperada em tais meganegócios, afirma a ação, acrescentando que o contrato precisava apenas ser aprovado pelos acionistas e reguladores do Twitter e deveria ser fechado em 24 de outubro.
"Musk já sabia das contas falsas"
Sobre os motivos alegados por Musk para a suspensão, os acionistas argumentam que o bilionário estava ciente de que algumas contas do Twitter eram controladas por robôs, e não por pessoas reais, e até tuitou sobre isso antes de fazer sua oferta para comprar a empresa.
"Musk passou a fazer declarações, enviar tuítes e se envolver em condutas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo e reduzir substancialmente as ações do Twitter", diz a denúncia.
Segundo a ação, o objetivo do empresário era ganhar vantagem para adquirir o Twitter a um preço muito mais baixo, ou desistir do acordo sem sofrer nenhuma penalidade.
"A manipulação de mercado de Musk funcionou – o Twitter perdeu 8 bilhões de dólares em avaliação desde que a compra foi anunciada", afirma o texto.
As ações do Twitter na quinta-feira fecharam ligeiramente em alta a 39,52 dólares, em um sinal de dúvida dos investidores de que a compra será consumada ao valor de 54,20 dólares por ação que Musk originalmente ofereceu.
"O desrespeito de Musk pelas leis de valores mobiliários demonstra como alguém pode ostentar a lei e o código tributário para construir sua riqueza às custas dos outros americanos", afirma a ação.
O Twitter disse em documentos regulatórios que está comprometido em concluir a aquisição sem demora no preço e nos termos acordados. Musk ainda não se pronunciou.