O presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, rejeitou e denominou “insultante” a proposta do regime liderado por Roberto Micheletti para que sua restituição se definisse pelas comissões de negociação com base em relatórios do Congresso e da Corte Suprema de Justiça.
“Estão pedindo que reconheçamos que não houve golpe de Estado! Não voltaremos a nos reunir até que tenhamos uma proposta construtiva e séria”, disse ontem (19) em entrevista coletiva Víctor Meza, membro da comissão de diálogo de Zelaya (foto abaixo).
Gustavo Amador/EFE
Meza não deu o diálogo como definitivamente acabado. “Embora o declaremos acabado, nem desejamos rompê-lo, entrou em uma fase de evidente obstrução”.
“O presidente fez todas as concessões possíveis para assegurar o êxito do diálogo e a saída política da crise. Graças a isso pudemos pactuar e assinar 95% do conteúdo do Acordo de São José; a porcentagem restante depende exclusivamente da vontade política do senhor Micheletti”, assinala Meza.
O negociador destaca também que Micheletti “deve assumir a responsabilidade política e a culpa histórica por haver impedido a culminação bem-sucedida deste generoso esforço de diálogo”.
“Sem uma saída pacifica, a crise tende a ficar cada vez mais grave”, afirmou Meza, que também disse que pedirá um pronunciamento do Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a “estagnação em que caiu o diálogo”.
Estratégia golpista
A iniciativa da equipe de Micheletti consistiria em que ambos os órgãos apresentassem às comissões de diálogo das partes um relatório sobre os antecedentes do golpe de Estado contra Zelaya que aconteceu dia 28 de junho, com o propósito de que sirvam de fundamento a uma decisão tomada por ambas as representações.
Armando Aguilar, membro da comissão de Micheletti, disse em entrevista coletiva que a proposta de que fosse o Parlamento ou a Corte Suprema de Justiça os órgãos que definiriam o impasse, ficou à margem nas negociações. Aguilar ressaltou que os relatórios solicitados ao Judiciário seriam “para fundamentar a decisão que tomaríamos na mesa de negociações”.
Na sexta-feira passada, a comissão de Zelaya exigiu que fosse o Parlamento que definisse sua restituição ao poder, enquanto a de Micheletti propôs que fosse a Corte Suprema de Justiça.
“Eu não cometi nenhum delito, além disso, falsificaram minha assinatura em uma carta na qual dizem que eu renunciei como presidente”, comentou Zelaya, que reiterou que não confia em Micheletti.
NULL
NULL
NULL