A brasileira Paula Oliveira, acusada de forjar um ataque de neonazistas na Suíça, foi condenada por um tribunal de Zurique a pagar duas multas num prazo de dois anos por “falsa denúncia”, uma delas no valor de 10.800 francos suíços e a outra, de 2.500 francos suíços (o valor total corresponde a 22.389 reais). O julgamento, iniciado e encerrado nesta quarta-feira, determinou também que Paula precisará arcar com as despesas judiciais.
No depoimento, Paula disse não se lembrar de ter se auto flagelado e manteve a primeira versão dada à polícia sobre o caso, de que teria sido atacada em fevereiro deste ano. “Eu fui agredida”, afirmou. “Essa versão dos fatos correspondem à verdade que está gravada na minha cabeça,” disse.
Walter Bieri/EFE
Paula, trajando um capuz, deixa tribunal acompanhada do pai,
Paulo Oliveira
Segundo a brasileira, que permaneceu todo este tempo submetida a tratamento psiquiátrico, a história da confissão, dada logo após o episódio, foi inventada “para que o assunto fosse encerrado o mais rápido possível”.
O Ministério Público da Suíça destacou durante a sessão o fato de que Paula teria mentido para as autoridades e pediu que ela seja devidamente condenada à liberdade sob fiança. O MP pedia uma pena de 180 dias de multa, no valor de 30 francos diários (50,50 reais), mais uma segunda taxa de mil francos (1.683 reais).
Defesa
Roger Muller, o advogado da jovem de 27 anos, pediu no tribunal do distrito de Zurique a absolvição, ao afirmar que ela não pode ser considerada responsável por seus atos e declarações. A defesa alega que Paula sofre transtornos neuropsicológicos provocados por uma doença autoinmune, o lúpus sistêmico.
A juíza Nora Lichti-Aschwanden, que anunciou a sentença, considerou a brasileira responsável por seus atos e por falsas declarações. “A acusada sabia que estava prestando queixa por um fato que nunca existiu”, afirmou. Segundo ela, a capacidade de compreensão de Paula “estava intacta”. Ainda assim, Nora admitiu “culpabilidade reduzida” da jovem, aceitando a perícia psiquiátrica que reduziu para nível “médio” a responsabilidade da ré.
Histórico
Em fevereiro deste ano, Paula procurou a polícia com o corpo coberto de cortes; em um deles podiam-se ler a sigla SVP (Partido do Povo Suíço). O partido suíço, de ultradireita, defende algumas medidas racistas.
A brasileira afirmou que a agressão a fez abortar uma gravidez de gêmeos. Exames médicos feitos na Suíça, no entanto, comprovaram que Paula não estava grávida e que todas as marcas em seu corpo fora feitas no limite de alcance de sua mão.
Depois de 4 dias, quando já haviam se envolvido no caso a mídia, a diplomacia brasileira e até mesmo o presidente Lula, que se mostrou preocupado com o caso, Paula confessou às autoridades que havia forjado os ferimentos e a existência dos bebês.
Texto e título atualizados às 16h40.
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