Após 11 dias consecutivos de impasse, o sucesso conferência das Nações Unidas sobre mudanças climática (CoP-15) depende da ação a ser tomada pelos chefes de Estado, que chegaram a Copenhague e começaram a se articular nesta quarta-feira (16).
A conferência evoluiu para o chamado “alto nível”, com a chegada dos representantes de primeiro escalão à Dinamarca. Nos próximos dois dias, os últimos da conferência, presidentes de mais de 100 países se reunirão no centro de convenções Bella Center na tentativa – até agora fracassada – de assinar um acordo para conter o aquecimento global.
Segundo os participantes, o principal problema é que ainda não existe nenhum documento com bases concretas para ser assinado.
A tensão das negociações levou à renúncia da presidente da CoP-15, Connie Hedegaard. Países em desenvolvimento acusavam-na de se posicionar a favor dos países ricos nas negociações.
“Com tantos chefes de Estado e de governo chegando a Copenhague, é mais apropriado que o primeiro-ministro conduza a cúpula”, afirmou Hedegaard. O premiê Lars Lokke Rasmussen já está presidindo as sessões.
Leia mais:
Presidente da CoP-15 renuncia ao cargo; mais de 100 ativistas são presos
A cúpula continua parada nos mesmos aspectos observados no início das discussões, há mais de uma semana. A quantidade de dinheiro a ser investida nos países em desenvolvimento para ajudar nos processos de adaptação e mitigação ainda é uma interrogação. Os Estados Unidos permanecem irredutíveis e não pretendem se comprometer com um corte de emissões maior que 17%. Índia e China não estão dispostas a aceitar acordos que tenham força de lei. E o Japão, por sua vez, se alia aos EUA na tentativa de enterrar o Protocolo de Quioto.
“As negociações estão estagnadas. Só os chefes de Estado podem destravar as questões políticas e garantir que a CoP-15 termine com um acordo”, afirmou o economista Felipe Bottini, sócio da consultoria de desenvolvimento sustentável Green Domus.
Protestos
Hoje, 230 pessoas foram presas em um enfrentamento entre a tropa de choque e cerca de 2 mil manifestantes que tentaram romper o bloqueio policial montado nos arredores do Bella Center. A polícia usou gás de pimenta e cacetetes para conter os ativistas, que queriam interromper as negociações. A estação de metrô mais próxima do local onde acontece a CoP-15 foi fechada.
Apesar de não conseguir interrompê-las, os protestos afetaram o andamento das negociações e provocaram uma queixa da delegação do Brasil.
“Os problemas nos acessos deixaram de fora parte da delegação brasileira. Por isso, o Brasil não pôde estar corretamente representado nesse plenário”, declarou um porta-voz da delegação, ao discursar na cúpula.
Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital dinamarquesa ontem (15) e passou o dia reunido com membros da delegação brasileira no hotel onde está hospedado. Como um dos líderes do G77 (grupo de países em desenvolvimento), o Brasil tenta fazer pressão para que um acordo que prorrogue o Protocolo de Quioto seja fechado até sexta-feira (18).
Além das reuniões com governadores do Acre, Amazonas, Pará, Tocantins e São Paulo, Lula também recebe no hotel representantes de delegações estrangeiras para explicar a posição do Brasil na CoP-15.
O pronunciamento do presidente brasileiro na conferência está previsto para a tarde desta quinta-feira (17).
Latino-americanos
O presidente boliviano, Evo Morales, chegou a Copenhague hoje e condenou os biocombustíveis e os mercados de carbono.
“A Bolívia denuncia os mercados de carbono. Chega de lucrar com a desgraça que os ricos provocaram no passado”, disse, em entrevista coletiva.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já discursou na plenária da cúpula. Ele acusou os países ricos de “irresponsabilidade e falta de vontade política” e afirmou que os processos de consulta em Copenhague foram “antidemocráticos”.
NULL
NULL
NULL