Milhares de haitianos passaram ao relento a primeira noite após o terremoto de 7 graus que estremeceu o país ontem (12), numa escuridão interrompida por incêndios de ocasião, saqueadores de supermercados, o choro de crianças e velhos e, além de tudo, mais 32 tremores de terra em menos de 12 horas.
EFE (12/01/2010)
Haitianos buscam ajuda após o terremoto que abalou o país, o mais pobre das Américas
De madrugada, Richard Morse, o diretor do conhecido Hotel Oloffson, a poucos metros do Palácio Nacional, escreveu no twitter: “Os cânticos e orações que escutava até momentos atrás acabaram. Não há helicópteros, nem se escutam ambulâncias… Quando as minhas baterias acabarem, não vou poder continuar a me comunicar. Isto é o começo de uma longa noite”.
Na medida em que amanhecia, os sobreviventes foram se dando conta das verdadeiras dimensões da tragédia e descobrindo dezenas de cadáveres nas ruas, gritos de socorro vindos de dentro dos edifícios derrubados, um governo paralisado e a força de paz internacional, liderada pelo Brasil, incapaz de protegê-los, pois ninguém pode com um tremor desta magnitude. Não tinham ninguém a quem acudir.
Ainda não há um número de feridos e mortos estipulado, mas os delegados da Cruz Vermelha norte-americana estacionados na capital haitiana disseram à CNN que o terremoto afetou cerca de 3 milhões de pessoas.
O ministro da Cooperação da França, Alain Joyandet, informou que pode haver 200 franceses mortos, hóspedes do único hotel de luxo da cidade, o Montana, que ruiu totalmente.
“Havia 300 pessoas hospedadas no hotel, mas sabemos que 100 conseguiram escapar antes que desabasse. O resto, são turistas franceses e estão desaparecidos”, afirmou o ministro.
As televisões norte-americanas transmitiram durante toda a noite, sem parar, as primeiras imagens que saíram do país e que mostram o horror personificado. Hospitais, escolas, residências, de pobres e ricos, desabaram.
O palácio presidencial não existe, o edifício do parlamento é agora uma imagem na memória e os ministérios da Cooperação, Finanças e Educação são agora um monte de tijolo e pó. Até a cúpula da catedral de Porto Príncipe desabou.
O edifício da sede da missão das Nações Unidas também desabou e soldados brasileiros do corpo de paz passaram a madrugada inteira retirando vítimas dos escombros. Também não se sabe o número de vítimas entre as forças de paz. Até o momento, o exército brasileiro confirmou quatro mortes.
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A intensidade do terremoto
O terremoto começou a sentir-se em toda a parte ocidental do país pouco antes das cinco da tarde e durou 35 segundos, segundo o instituto geológico norte-americano.
O primeiro tremor, de 7 graus na escala de Ritcher, foi seguido de outros dois, de 5,2 e 5,9, respectivamente. Durante a noite, sentiram-se mais 30 tremores. Foi o maior desastre natural do país em 200 anos.
Segundo os especialistas, a costa sul do Haiti faz fronteira com a chamada “fratura de Santiago de Cuba”, nas profundezas do Caribe, uma zona sísmica de grande intensidade que há pelo menos 200 anos não se manifestava com tanta intensidade.
E a intensidade das suas conseqüências é tão grave porque no Haiti conjugam-se duas realidades. Por um lado, o terremoto se registrou 30 quilômetros ao sudoeste da capital e apenas a 6 quilômetros de profundidade.
Por outro lado, Porto Príncipe encontra-se num vale, mas a grande maioria dos habitantes vive nas montanhas que a rodeia, em casas construídas sem a mínima segurança, muitas de madeira ou tijolo e cimento, sem vigas de aço e empilhadas umas em cima das outras, como se fossem degraus de uma escada construída montanha acima. Quando a terra tremeu, tudo veio abaixo.
Antes do terremoto, 82% dos haitianos viviam na pobreza absoluta.
Doações
No Brasil, é possível depositar qualquer quantia em conta bancária
aberta pela ONG carioca Viva Rio, que desempenha projetos sociais no
Haiti:Banco do Brasil/ Agência 1769-8/ Conta: 5113-6
Organizações internacionais recebem doações pela internet. No site da Oxfam America, é possível doar quantias de 35 a 5 mil dólares. No Yele Haiti Fund,
você colabora apenas uma vez ou pode criar um plano de pagamento. As
quantias vão de 25 a 300. Para a Cruz Vermelha, basta ir ao site da entidade, como também no endereço das Nações Unidas
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