O PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), partido governista venezuelano, já havia dado demonstrações de sua força política, independentemente do presidente Hugo Chávez, desde o segundo semestre de 2012. Essa é a opinião de Flávio da Silva Mendes, cientista social e autor do livro Hugo Chávez em seu labirinto.
“O chavismo já vinha dando mostras de crescimento independente de Chávez desde 2012, em especial nas eleições para governador, quando o presidente não participou ativamente da campanha, mas a oposição ganhou apenas 3 dos 23 estados do país”, analisa Mendes.
De acordo com o autor, os opositores de Chávez têm perdido terreno desde 2006, quando adotaram um programa reformista social-democrata. “Eles passaram a reconhecer os avanços do governo na área social e garantiam a manutenção de diversos programas. Isso confundiu seus eleitores e não atraiu parcela significativa dos chavistas”, argumenta.
Questionado sobre as eleições de 14 de abril deste ano, Mendes espera que o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, vença o opositor Henrique Capriles por uma diferença maior do que a conquistada por Chávez no pleito de outubro de 2012 (54% a 45%).
“Além da comoção criada no país pela morte de Chávez, a abstenção deverá ser muito maior entre os eleitores opositores, pois já sabem da dificuldade de vencer o pleito e Capriles é um candidato que não convence. Enquanto isso, os chavistas farão questão de ir às urnas em homenagem ao presidente”, afirmou o cientista social.
Para Mendes, Capriles deverá adotar uma postura mais ofensiva – como já demonstrou no discurso de ontem – em comparação ao pleito de 2012, quando perdeu para Chávez. “Ele vai argumentar que a eleição está armada e que o governo manipulou as informações sobre a morte do presidente. É um discurso para atrair a classe média, mas que já fracassou outras vezes e, novamente, não deve ter sucesso.”
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