Efe
Líder do NPD, Holger Apfel, durante manifestação do último Dia do Trabalho em Berlim
Mesmo com casos que chocaram a Alemanha, como o dos nove imigrantes executados entre 2000 e 2007 por uma célula neonazista, que será julgado a partir desta segunda-feira (06/05), o NPD (Partido Nacional Democrata Alemão), agremiação antissemita, xenófoba e racista, se mantêm em punho em todo o país desde 1964, ano de sua fundação, a bandeira institucionalizada da extrema-direita.
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As diversas investidas pelo banimento da sigla, com base na afirmação de que ela feriria a constituição alemã, esbarraram em aspectos legais. Em sua história recente, a Alemanha cassou o registro de apenas dois partidos – o Partido Comunista da Alemanha, durante a ascensão nazista, e o sucessor imediato do partido nazista no pós-guerra. O que não significa que o país tenha se livrado da extrema-direita.
Com o fraco alcance do processo de desnazificação – eram 6 milhões de filiados durante a ditadura de Adolf Hitler -, a extrema-direita, repleta de simpatizantes, sempre se manteve ativa, seja no subterrâneo, em células contemporâneas como a NSU (Nacional Socialista Underground, responsável pelas execuções de imigrantes), ou na superfície do território alemão em forma de partido político.
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Na iniciativa mais incisiva contra o NPD, datada de 2001, o Parlamento alemão e o Conselho Federal da Alemanha pediram a cassação do registro do partido em um processo que se arrastou por dois anos até ser arquivado. O motivo da derrota judicial é bastante controverso: havia cerca de 30 agentes secretos do governo alemão infiltrados que participaram ativamente da elaboração de documentos-chave da sigla, o que pôs em xeque o que era iniciativa de fato neonazista e o que era ação dos arapongas.
No final de 2012, em uma nova movimentação, o Conselho Federal aprovou uma resolução pedindo o banimento do partido neonazista, mas o caso ainda não chegou oficialmente a uma corte alemã para ser julgado. A iniciativa é considerada “perigosa” por analistas, já que caso o NPD vença na justiça – e a sigla pode recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos alegando direito de reunião – poderá sair mais forte do que é hoje, apenas um nanico.
O partido neonazista alemão tem pouquíssimas chances de superar a cláusula de barreira de 5% dos votos e entrar no Parlamento nas eleições federais alemãs deste ano, marcadas para setembro. O máximo que conseguiu foi conquistar 12 assentos na Assembleia da Saxônia em 2005, quando obteve 9% dos votos. À época, o líder da sigla, Holger Apfel, se recusou a prestar silêncio às vítimas do nazismo durante cerimônia no Parlamento de Dresden que marcava os 60 anos da libertação dos prisioneiros do campo de Auschwitz, na Polônia.