Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Podcasts
Política e Economia

"Vão surgir mais Snowdens e Mannings", diz ex-candidata à presidência dos EUA

Encaminhar Enviar por e-mail

Para Gloria la Riva, que disputou campanha eleitoral de 2008, governo Obama "é tão daninho quanto o de Bush"

Luciana Taddeo

2013-07-26T18:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O rebuliço causado pelos documentos de espionagem do governo nos Estados Unidos trazidos à luz por ex-agentes de inteligência norte-americanos como Edward Snowden e Bradley Manning não terminará tão cedo. Esta é a opinião da ex-candidata à presidência dos EUA Gloria La Riva, do Partido pelo Socialismo e pela Liberação que acabou em décimo lugar na tentativa de chefa à Casa Branca, em 2008, e mantém uma postura crítica às políticas bélicas de Barack Obama e de seu antecessor, George W. Bush.

Verónica Canino Vázquez/Opera Mundi

La Riva: " jovens estão vendo a verdade sobre o genocídio que Washington está cometendo, como no caso da Síria e da Líbia"

Segundo ela, muitos jovens que integraram o exército ou serviços de inteligência norte-americanos estão se dando conta da “espantosa” política de vigilância do país e estão “vendo a verdade sobre o genocídio que Washington está cometendo”. A ex-candidata também foi fundadora do Comitê Nacional dos EUA pela Liberdade dos Cinco Cubanos presos em Miami, em 1998, por realizar contra-espionagem para o governo de Fidel Castro para prevenir futuros ataques terroristas contra a ilha.

Em entrevista concedida a Opera Mundi durante o 7º. Evento Continental de Solidariedade com Cuba, iniciado nesta quarta (24/07) e realizado em Caracas até o próximo sábado, La Riva, que também integra a organização antibelicista Answer (Act Now to Stop War and End Racism), condena a atuação de “auto-censura” da imprensa norte-americana em relação ao caso dos cubanos, Snowden e Manning e afirma que o governo de Obama é “tão daninho e assassino quanto” o de Bush.

Opera Mundi: Como ativista norte-americana, como avalia o caso Snowden?
Gloria La Riva: Vão haver mais Edward Snowdens, porque muitos jovens se uniram ou ao exército ou à inteligência norte-americana acreditando que estavam contribuindo com a democracia, com a verdade, com a liberdade. As ameaças do governo ao Snowden [ex-agente da CIA e da NSA, Agência Nacional de Segurança dos EUA]  e o que faz com o Bradley Manning Manning [ex-analista de inteligência no Iraque, responsável pelo vazamento de mais de 700 mil documentos secretos, como registros da guerra do Afeganistão e Iraque e mensagens diplomáticas] são um exemplo para que outros não façam o mesmo. Porque vão acabar na prisão, com cadeia perpétua.

Agora, não só gente da inteligência, como os dois, mas soldados que não têm alta patente, que se recusaram a ir para o Iraque ou para o Afeganistão, soldados que estão formando oposição ao exército, nas guerras de ocupação. Tem gente propondo que os soldados recusem o serviço militar. Esses jovens estão vendo a verdade sobre o genocídio que Washington está cometendo, como no caso da Síria ou que cometeu contra a Líbia. Vão haver mais Edward Snowdens e mais Bradley Mannings.

Snowden foi um homem que com muito valor, valentia, decidiu romper com o governo, com a espantosa vigilância que mantém sobre cada cidadão e sobre o mundo. Mas quando ele fez isso, e expos toda a vigilância, ele disse que o que expressava poderia levá-lo à execução. E graças à solidariedade de outros amigos que estiveram em Hong Kong, foi levado à Rússia, com a ajuda informal deste país, e a oferta da América Latina, do Equador, da Venezuela e da Nicarágua. Isso é um grande apoio para as pessoas que lutam, porque mostra que há aliados, tem gente que está apoiando os norte-americanos que se levantam.

É muito, muito necessário que ele se mantenha livre porque o exemplo que querem dar é que se você faz algo para expor o crime dos EUA, a verdade, você vai morrer ou vai para a prisão. Não podemos esquecer do caso de Bradley. Na semana passado o governo anunciou que vão fazer as mais graves acusações contra ele, por apoio ao inimigo, o que pode levar este jovenzinho à pena de morte. Ele sofreu tanto, com torturas psicológicas, isolamento por anos, e no entanto, ainda se mantém forte e acredita no que fez.

OM: Como podemos definir essa política dos EUA que pede à Venezuela que extradite Snowden, mas ao mesmo tempo não extradita um terrorista como Posada Carriles?
GLR: Posada Carriles, que matou mais de 73 pessoas [no atentado contra o voo da companhia Cubana de aviação, que ia de Barbados a Cuba], porque matou também venezuelanos e fez parte da Operação Condor na América Latina, é um carrasco da CIA. Quando ele chegou aos EUA, nós começamos uma grande campanha exigindo sua extradição e para expor à população o que estava acontecendo, estivemos na frente da corte quando ele estava sendo processado.

Efe

Aeroporto internacional de Moscou, onde o ex-consultor da CIA Edward Snowden está isolado há mais de um mês

No entanto, mesmo que toda a imprensa norte-americana exigisse sua extradição, o governo está escondendo sua presença, com a auto-censura. E [o presidente Barack] Obama é tão culpado quanto [o ex-presidente [George] Bush, pelo asilo que dão a um terrorista, isso é muito sério. E Carriles não é o único, há muitos mais jovens que ele, mataram pessoas e vivem livremente em Miami. O que ele está fazendo em todos estes anos é o que Bush fazia. Mas com uma posição mais suave para o público, mas tão daninho e assassino quanto. Obama aprovou assassinatos com drones, até contra norte-americanos.

OM: Você integra uma organização antibelicista, mas não critica que a Venezuela invista tanto em armamentos e em equipamentos para defesa. Não é contraditório?
GLR: Eu sou parte da organização Answer, que defende o atuar agora para deter a guerra e o racismo que começou depois de 11 de setembro de 2001. Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e os demais países independentes têm que se defender. A tática favorita do imperialismo nos últimos 20 anos tem sido exigir o desarmamento para abolir as armas de destruição massiva. Como com o Iraque e olhe o que aconteceu, se desarmaram completamente para evitar as sanções que matam milhões de pessoas e depois de não ter nenhuma arma de defesa, os EUA os atacam de novo pela segunda vez e não teve nada de defesa, e foi terrível para os iraquianos.

O desarmamento que exigem da Coréia do Norte dizendo que não podem ter armas nucleares, a mentira que estão inventando contra o Irã... A Venezuela precisa de armamentos para se defender, na rua, contra os EUA e qualquer inimigo que tente apoiar Washington contra a Venezuela, como os que tentam iniciar agressões a partir da Colômbia. A Venezuela está fazendo um papel muito inteligente de advogar pela paz. Cuba também precisa de sua defesa. E os terroristas não são a maior ameaça a Cuba, os que mais ameaçam a ilha é Washington, com o bloqueio. Por isso, o que está acontecendo aqui na Venezuela, esse evento de solidariedade com os países e povos irmãos, é muito importante e conta com nosso apoio.

OM: Que atividades foram promovidas no comitê dos EUA em relação aos cubanos presos em Miami por acusação de espionagem?
GLR: Agora, em setembro e outubro, vamos fazer fóruns nas faculdades de direito e de ciência política em dez universidades, e isso é só o começo. Somos os responsáveis pelas investigações, que já levam quase cinco anos, que estão expondo o papel do governo na imprensa. O mesmo governo que condenou os cinco cubanos estava pagando dezenas de jornalistas em Miami, que cobriam o caso de maneira incrivelmente prejudicial, condenando os cinco antes e durante o julgamento. Isso tornava impossível que eles recebessem um julgamento justo em Miami. Por isso os advogados utilizaram nossa investigação para as últimas apelações, e agora estamos esperando a decisão da juíza.

Não importa a decisão, se não é a favor da liberdade deles, vamos continuar com as apelações e com esta luta popular. Hoje há muito mais norte-americanos que conhecem o caso dos cinco. Antes era quase um segredo, apesar do julgamento, quase ninguém fora de Miami conhecia o caso, nem entre os movimentos progressistas. A partir de 2004, o caso foi transmitido em todas as televisoras nacionais, com muitas entrevistas a familiares e ativistas, conseguimos coletar 50 mil dólares para colocar um anúncio no jornal The New York Times, em uma página completa, com a voz dos cinco, e o caso teve mais exposição. Mas o tratamento da imprensa é um problema, as pessoas podem escutar um dia sobre o caso, mas depois não escutam mais. Eu trabalho para um jornal diário de San Francisco como artista gráfica há mais de 32 anos, e eu conheço o chefe do jornal e lhe disse muitas vezes dos cinco cubanos, e ele me diz que não é notícia para nós. É uma auto-censura.

OM: Como você avalia a cobertura da imprensa norte-americana no caso Snowden?
GLR: Esse é um estudo interessante acerca da manipulação por parte da imprensa e do governo. Quando surgiu a informação de que a NSA, agência de segurança nacional que é maior que a CIA, estava espionando as pessoas, teve muita insatisfação por parte dos liberais, da esquerda e da direita, que questionaram por que Obama permitiu que isso acontecesse, enquanto ele tentava justificar. Mas depois que Snowden se identificou, toda a imprensa começou a atacá-lo ele virou o alvo, como a pessoa que ameaçava a segurança nacional e fazia dano à nossa política e aos soldados. Também diziam o mesmo contra Bradley Manning. Então as pessoas podem acreditar em algo em um dia, e ser manipuladas no próximo.

No entanto, tem muita gente que apoia a Snowden, que não concorda com tudo ser escutado e gravado. De fato, o NYT divulgou há umas semanas que cada correspondência do país é fotografada, e o serviço postal admitiu que cada correio enviado no país é fotografado, identificando quem escreve para quem. O jornal também revelou que há dezenas de milhares de pessoas das quais o correio abre as correspondências para lê-las. E nos Estados Unidos, se você utiliza outros dados de remetente para mandar uma correspondência, isso é considerado crime federal, com grandes sentenças. E estão adicionando mais formas de repressão para espremer a classe trabalhadora quando ela se levantar, o que um dia vai fazer. O Occupy [Wall Street], por exemplo, foi um grande momento, mas não se estendeu por mais que uns meses, foi uma porta para o futuro.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

Encaminhar Enviar por e-mail

Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Rua Rui Barbosa, 381 - Sala 31
São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 3012-2408

  • Contato
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Expediente
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados