Milhares de estudantes chilenos marcharam hoje (10) pelas ruas de Santiago para protestar contra a reforma educacional que o governo da socialista Michelle Bachelet está promovendo, por considerá-la insuficiente e pouco representativa.
Efe
Estudantes são detidos pelas forças de segurança chilenas durante manifestação por educação gratuita em Santiago
Pela segunda vez em dois meses, os dirigentes dos alunos universitários e do ensino médio, e dessa vez também os professores, decidiram se mobilizar por uma educação pública e gratuita em todos os níveis. Milhares de pessoas tomaram as ruas de Santiago.
A presidente da Federação de Estudantes do Chile (Fech), Melissa Sepúlveda, assegurou que o movimento estudantil não aceitará uma “maquiagem do modelo educacional”. “Desta vez, os estudantes não vão cometer os mesmo erros, não estamos dispostos a nos sentar sem nenhuma garantia para tentar validar uma reforma educacional que já está em curso”, acrescentou Melissa.
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O governo já enviou ao Congresso os primeiros projetos de lei orientados a reformar a educação chilena, que se centram no fim do “copago” (quando é cobrado um valor por um serviço público) por parte dos pais em estabelecimentos que recebam subvenção estatal, assim como na eliminação do benefícios e dos processos de seleção em todos os colégios.
No entanto, os estudantes não estão de acordo com estas iniciativas, entre outras razões, porque acham que não rompem drasticamente com o modelo vigente. “Querem fazer uma reforma em 100 dias sem escutar ninguém”, lamentou Naschla Aburman, presidente da Federação de Estudantes da Universidad Católica (Feuc).
“Enquanto não for eliminado o mercado da educação, não haverá mudanças reais”, comentou Lorenza Soto, porta-voz da Assembleia Coordenadora de Estudantes do Ensino médio (Aces).
Efe
Mulheres protestam na linha de frente da manifestação organizada por dirigentes dos alunos universitários e do ensino médio
Bachelet ouviu partes das reivindicações dos estudantes e assegurou que os próximos projetos de lei que forem enviados ao Congresso considerarão as mudanças solicitadas. “Entendemos que há impaciência, mas os projetos que têm a ver com as reformas universitárias ocorrem depois dos primeiros cem dias de governo”, disse Bachelet, que assumiu seu segundo mandato em 11 de março.
Greve nacional
Mas os estudantes e os professores, que convocaram uma greve nacional para o próximo dia 25 de junho, não têm vontade de esperar e parecem decididos a conquistar mudanças muito mais drásticas do que as promovidas pelo governo.
Embora os dirigentes que convocaram a mobilização de hoje terem falado sobre a participação de cerca de 40 mil pessoas, a olhos nu o número parecia bastante inferior e a mobilização teve muito menos gente do que outras realizadas pelos estudantes desde 2011. A polícia estimou em 15 mil os presentes.
Nas ruas próximas à Alameda Bernardo O'Higgins, a principal artéria de Santiago pela qual transcorreu a passeata, foram vistos vários policiais, que só entraram em ação com o fim da mobilização, quando ocorreram alguns incidentes isolados.
Paralelamente à manifestação de Santiago, houve mobilizações estudantis em outras cidades como Valparaíso, Concepción, Temuco, Valdivia, Copiapó e Arica.