O braço armado do Hamas, Ezedin al-Qassam, informou neste domingo (20/07) que o grupo sequestrou o soldado israelense Shaul Aaron. O Exército israelense não confirmou a declaração, mas realizou novos ataques noturnos em bairros ao norte de Gaza após o anúncio.
Agência Efe
Paramédicos carregam corpo de vítima em Shahaiya
Hoje foi o dia mais violento na região desde que Israel iniciou a operação Margem Protetora ou Penhasco Sólido há 12 dias. Mais de cem palestinos e 13 soldados israelenses morreram e centenas de pessoas ficaram feridas pelas ações realizadas desde a madrugada de sábado.
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O último sequestro de um soldado israelense realizado pelo Hamas foi em 2006. Ele foi mantido refém até 2011, quando foi libertado em troca de 1.027 prisioneiros palestinos, a maioria dos quais foi posteriormente recapturada por Israel. Logo após o anúncio do novo rapto, dezenas de pessoas saíram à ruas de Gaza para celebrar a captura. Israel respondeu com fogo de artilharia.
O maior massacre desde o início do conflito ocorreu hoje no bairro de Shahaiya, o mais povoado de Gaza, onde mais de 60 pessoas morreram durante um intenso bombardeio de mais de 10 horas da aviação, marinha de guerra e artilharia de Israel.
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O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, que chegou hoje ao Catar e fará um percorrido no Oriente Médio para tentar aplacar a tensão em Gaza, classificou como “terrível” a ação contra Shahaiya e pediu que ambas as partes respeitem o direito humanitário e que Israel “se contenha e proteja os civis em Gaza”.
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Em um comunicado divulgado à imprensa, Ban garantiu que seguem em curso as consultas na região para conseguir um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O chanceler também pediu que a comunidade internacional intervenha para suspender o bloqueio que Israel impõe a Gaza.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, chegou a Doha, no Catar, onde se encontrará com Ban e com o líder do Hamas, Khaled Meshal, como informou a agência QNA. Abbas pediu a realização de uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU ainda hoje.
Estados Unidos
Durante uma conversa telefônica com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse estar “preocupado com a quantidade de vítimas” no confronto. Até o momento, mais de 450 palestinos perderam a vida, entre crianças, mulheres e idosos. Do lado israelense, foram 18 baixas. Trata-se do maior número de mortes de soldados desde a guerra do Líbano em 2006.
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Entre as vítimas, maioria são civis e há um grande número de mulheres e crianças
Na segunda conversa em três dias, o mandatário norte-americano ressaltou seu apoio ao direito de defesa israelense e condenou os ataques do Hamas contra Israel. Disse também que seu país busca um cessar-fogo imediato entre Israel e Hamas. Para isso, o secretário de Estado, John Kerry, viajará para o Cairo, onde irá propor um retorno aos termos do acordo de 2012, assinado após ação semelhante por parte de Israel.
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Em conversa telefônica com um assessor não identificado, Kerry chamou a operação israelense de “infernal”. “É uma operação infernal”, disse Kerry a seu interlocutor. “Está aumentando significativamente. Temos que ir para lá. Penso que deveríamos ir nesta noite. É uma loucura ficar sentado sem fazer algo”.
Questionado sobre as declarações, disse que “nós defendemos o direito de Israel a fazer o que está fazendo” e ressaltou que o “Hamas iniciou este processo após Israel tratar de encontrar quem matou três jovens”, em alusão aos adolescentes judeus sequestrados e assassinados em junho na Cisjordânia. Tel Aviv acusou o Hamas pela ação, mas o grupo nega.
Agência Efe
Bairros inteiros estão sendo atacados
Cronologia das tensões
A morte dos três jovens foi utilizado como argumento para o início das ações de Israel contra o Hamas. Logo após a descoberta dos corpos foi anunciada a ofensiva. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.