O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou nesta sexta-feira (03/07) que votar pelo “não” no referendo deste domingo (05) representará uma recusa à “chantagem” de aceitar um acordo formulado pelos credores que não continha uma solução sustentável para a dívida, e não uma negação à Europa.
EFE
Tsipras pede tranquilidade à população na hora de votar no domingo
“Na segunda-feira, estaremos todos unidos. O 'não' ao referendo não é um 'não' à Europa. Peço a vocês para dizer 'não' ao ultimato e às chantagens, mas também para dizer 'não' à divisão”, afirmou. “Votemos com calma e com argumentos, não com reprovações”, acrescentou.
Em uma das últimas declarações antes da consulta popular, Tsipras comentou ainda o relatório publicado na quinta-feira (03/07) pelo FMI (Fundo Internacional Internacional).
O documento pedia a flexibilização da dívida, bem como alertava para a necessidade de um novo financiamento de ao menos € 50 bilhões por mais três anos para Atenas conseguir fechar as contas. “Esse relatório nunca foi dividido pelas instituições credoras nos cinco meses de negociação”, criticou o premiê.
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Nesta noite está prevista outro discurso de Tsipras no ato de campanha organizado por seu partido Syriza na praça de Syntagma a favor do “não”, que coincidirá com outro em defesa do “sim” a um acordo com credores, reportou a Agência Efe.
Pesquisas de opinião divulgadas por jornais gregos mostram que a disputa da consulta popular será acirrada, com ligeira vantagem do “sim”, segundo enquete divulgada hoje pelo jornal Ethnos.
Entenda o caso
Horas após dar calote no FMI, a Grécia pediu na quarta-feira (01/07) “mudanças graduais” às condições impostas pelo Eurogrupo. Negociado há meses, esse acordo busca um consenso pela prorrogação do resgate financeiro por parte das instituições financeiras europeias, em troca da aceitação do governo grego por reformas estruturais e corte orçamentário.
No fim de semana, o governo anunciou a restrição de capitais, limitando a retirada de dinheiro a € 60, bem como ordenando o fechamento de bancos e dos mercados até o dia 7 de julho. A decisão gerou uma corrida a caixas eletrônicos, além de manifestações pró e contra o governo em Atenas.
Nos últimos meses, o governo grego tentou negociar com os credores a possibilidade de um novo empréstimo no valor de 7,2 bilhões de euros, em troca de reformas orçamentárias. Uma das principais exigências do Eurogrupo é o corte no setor previdenciário, algo a que os ministros do Syriza radicalmente se opõem.