Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Muçulmanos franceses temem hostilidades e pedem união após atentados em Paris

Encaminhar Enviar por e-mail

Associação dos Estudantes Muçulmanos da França publicou vídeo de solidariedade às vítimas; diversas mesquitas e estabelecimentos muçulmanos foram alvo de violências desde então

Amanda Lourenço

2015-11-23T14:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Incontáveis flores, velas e bilhetes se acumulam nos locais dos atentados terroristas que a cidade de Paris sofreu há uma semana. Rachida Kabbouri prestava sua homenagem como tantos outros franceses na praça da República quando uma senhora bem maquiada a abordou educadamente: “Com licença, posso fazer uma pergunta? Eu gostaria de entender por que você continua a usar esse veu”. Kabbouri, empresária muçulmana de 39 anos e terceira geração de imigrante na França, sorriu diante da provocação e começou a explicar com calma suas razões culturais e políticas.

Amanda Lourenço/OperaMundi

Homenagem em frente ao La Bonne Biere, um dos locais atacados. Na placa se lê "Nós não temos medo".

O assunto chamou atenção das pessoas próximas e rapidamente formou-se uma pequena multidão em volta de Kabbouri, que falava alto e defendia a importância desse tipo de pergunta: “Precisamos de diálogo sim, não desse muro de silêncio que existe entre franceses de origens diferentes. Precisamos entender uns aos outros”. Outras pessoas se meteram na conversa, um homem interviu afirmando que ela estava fazendo propaganda religiosa, outro discordou e várias pessoas começaram a brigar entre si. Câmeras de TV foram atraídas pela confusão e pouco depois a polícia chegou.

Casos corriqueiros como este mostram como a França anda sensível à questão muçulmana: há um esforço de união e aceitação, mas basta uma faísca e tudo pega fogo. “Nós somos vítimas duas vezes. A primeira como todos os outros franceses, correndo o risco de sermos atacados por terroristas, e a segunda por sermos automaticamente relacionados com esse tipo de comportamento agressivo”, argumenta Kabbouri.

Amanda Lourenço/OperaMundi

Rachida Kabbouri, francesa e muçulmana

Para Yanis Khalifa, porta-voz da associação Estudantes Muçulmanos da França (EMF), a prioridade no momento é a união: “O objetivo dos terroristas é exatamente dividir o país, é convencer a França de que seu inimigo é o Islã. Mas não há nenhuma verdade nisto. A imensa maioria dos muçulmanos se integra perfeitamente aos valores republicanos. Então nossa resposta e esse tipo de ataque deve ser conjunta”, defende.

A EMF publicou um vídeo de solidariedade às vítimas um dia depois dos ataques. Nos quase 3 minutos, estudantes muçulmanos aparecem com cartazes pretos com a hashtag #NousSommesUnis (nós estamos unidos). O vídeo já foi visto mais de 400 mil vezes e a esmagadora maioria dos comentários é de apoio. A hashtag foi criada pela associação Coexister, movimento de juventude interreligiosa. 

Teoricamente, a separação entre muçulmanos e terroristas pode acontecer mais facilmente do que na ocasião dos ataques contra a revista Charlie Hebdo, onde as vítimas foram escolhidas previamente e havia o possível argumento de provocação. “Desta vez os terroristas não selecionaram as vítimas, eles mataram muçulmanos, não-muçulmanos, brancos e negros sem fazer distinção”, diz Khalifa. “Esta é uma grande razão para estarmos todos juntos”, completa.

Amanda Lourenço/OperaMundi

Homenagem feita aos mortos no atentado à Paris, no dia 13/11, no café Bonne Biere

Na prática, entretanto, a união é mais complicada. H., 22 anos, francês de origem magrebina, afirma que as pessoas andam excepcionalmente desconfiadas: “Já fui revistado pela polícia depois dos atentados. Eles olharam pra mim, viram minha barba e já foram pedindo os documentos. Acho muito injusto”. Otimista, ele acha que ataques como esse não se repetirão: “Eles já conseguiram assustar todo mundo, já atingiram seu objetivo, não tem mais o que fazer. Só espero que as coisas voltem ao normal”, afirma.

Leila Al Saoud, estudante de 25 anos, também diz que o olhar das pessoas têm pesado mais ultimamente. “Hoje pensei duas vezes antes de sair de veu porque sinto que sou julgada. Mas não vou esconder quem eu sou só por causa de alguns mal-informados. As pessoas em volta de mim sabem que sou muito pacífica, não preciso pedir desculpas por algo que não fiz”, relata.

Amanda Lourenço/OperaMundi

Homenagens também foram feitos no Bataclan, a casa de shows que também foi vítima de um atentado no dia 13

De maneira geral, o clima na cidade ainda está bastante pesado. Os ataques continuam sendo o assunto principal em todas as rodas de conversa. Qualquer barulho atípico é motivo para desconfiança. Dono de um mini-mercado no bairro de Belleville, Jean Turkoglu, afirma que o movimento caiu: “As pessoas vão ao trabalho normalmente porque não tem jeito, mas quando elas podem evitar sair de casa, elas evitam. A loja registrou uma baixa considerável de vendas desde o último fim de semana”.

A apreensão é a mesma para todos os parisienses, em todos os bairros. J. Ercan, muçulmano atendente de uma lanchonete árabe, acha que o momento é de união e que os franceses sabem fazer diferença entre terrorismo e religião. “As pessoas entendem que os atentados são políticos, que isso tudo não têm nada a ver com o islã. Pra mim não mudou nada desde sexta-feira, a vida continua”, afirma.

Diversas mesquitas e estabelecimentos muçulmanos foram alvo de violências na França. Em Créteil, periferia de Paris, cruzes vermelhas foram pichadas na mesquita de Sahaba; Em Barentin, norte do país, a vitrine de uma lanchonete árabe foi quebrada com uma pedra; Em Pontarlier, leste do país, um presunto foi deixado na ponta principal da mesquita. A coabitação entre franceses e muçulmanos será uma peça fundamental nas próximas eleições e no futuro político do país, que corre o risco de abraçar o discurso de medo da extrema-direita.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

Encaminhar Enviar por e-mail

Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados