A denúncia, pelo jornal Folha
de São Paulo, de um esquema de divulgação em massa de notícias falsas pelo
WhatsApp, patrocinado por empresas que apoiam Jair Bolsonaro (PSL), repercutiu
na imprensa estrangeira nesta sexta-feira (19/10).
Segundo o jornal, os contratos com agências para o envio de fake news pelo WhatsApp chegariam a R$
12 milhões. Se comprovado, isso poderia configurar caixa 2, já que as doações
por entes empresariais são proibidas pela Justiça. Bolsonaro diz
que não pode ter “controle” sob seus apoiadores.
O jornal Le Monde traz, na manchete de seu site, o fato de que o PT entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral de investigação das fake news e requisitando que o judiciário declare a inelegibilidade de Bolsonaro.
“O campo da esquerda brasileira suspeita que, com efeito, a campanha de Jair Bolsonaro, militar da reserva, orquestrou uma “campanha de difamação” contra o PT e de Fernando Haddad através de uma série de mensagens anexadas e enviadas pelo WhatsApp a milhões de utilizadores por empresas afeitas à causa do ex-capitão”, diz o jornal francês.
“Uma investigação aponta para uma grande trama de
propaganda ilegal a favor de Bolsonaro por WhatsApp”, é o texto do site do jornal espanhol El
País. O diário explica em detalhes como funcionam esses disparos de
mensagens através do aplicativo e afirma que se infiltrou em um desses grupos
para confirmar que este tipo de ação vem acontecendo.
A reportagem do
jornal contou mais de mil mensagens diárias, “geralmente com conspirações
fictícias e acusações falsas”, um esquema que, afirma El País, “afeta milhões de pessoas”.
“Se essa prática for comprovada, ela constitui um
crime”, diz o site da revista francesa L’Express,
ressaltando que a lei eleitoral, no Brasil, proíbe o financiamento de campanha
por empresas.
A emissora multiestatal teleSUR destacou o pedido de inelegibilidade
de Bolsonaro, impetrado pela coligação de Haddad no TSE. “A apenas dias para o
segundo turno para a Presidência do Brasil, empresas que financiam a campanha
eleitoral de Bolsonaro empreenderam uma ação midiática, por meio de redes
sociais, para desprestigiar a reputação do PT”, afirma o veículo.
Para o jornal britânico The Guardian, essas eleições, consideradas como as mais importantes da história
do Brasil, preocupam porque “estão sendo baseadas em fake news, a maioria delas favorecendo Bolsonaro”. O diário
ressalta que o problema é tão grave que autores de um relatório sobre as
consequências da manipulação dos eleitores acionaram a direção do WhatsApp para
pedir que a empresa “dê passos urgentes para reduzir o envenenamento da
campanha com notícias falsas ou distorcidas”.
Para o jornal argentino Clarín, a campanha de Bolsonaro “começa
a mostrar as franjas”. “A direção do PT indicou que tomará medidas perante a Justiça
para enfrentar o ‘financiamento ilegal e milionário por parte de grandes
empresas’. Segundo Fernando Haddad, a Folha comprovou ‘que meu adversário,
deputado federal por 28 anos, criou uma organização delitiva de empresários que
patrocinam mensagens mentirosas por WhatsApp por meio de dinheiro sujo’”,
afirmou o periódico.
O jornal português Público
destaca que, entre as empresas sob suspeita de participar do esquema, está a
catarinense Havan. O diário salienta que Luciano Hang, proprietário desta
companhia do setor varejista “é um conhecido apoiador de Bolsonaro, tendo
sido filmado coagindo seus funcionários para votarem no candidato da extrema
direita”. Hang disse que a notícia da Folha
é fake news, e afirmou que vai
processar o jornal.
(*) Com RFI
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