O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira (22/03) que, “de alguma maneira”, será necessário o “uso da força” para derrubar o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
A declaração foi dada ao jornal La Tercera, do Chile, em meio à visita oficial de Bolsonaro ao país. “Ninguém quer uma guerra, a guerra é ruim, perdem-se muitas vidas, há efeitos colaterais, mas Maduro não vai sair do poder de maneira pacífica”, afirmou Eduardo, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e figura influente na política externa do governo.
“De alguma maneira, em alguma medida, em algum momento, será necessário o uso da força, porque Maduro é um criminoso”, disse. O deputado ainda repetiu as palavras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que “todas as opções estão na mesa” para solucionar a crise.
O chanceler venezuelano Jorge Arreaza, por sua vez, disse nesta sexta que se usa “tom gangster”, sem se referir diretamente a Eduardo ou Jair. “Os porta-vozes de Washington, em tom gangster, repetem que 'no caso da Venezuela, todas as opções estão sobre a mesa'. Mentem! Nem a diplomacia, nem o diálogo, nem o respeito ao direito internacional e à Constituição venezuelana estão sobre essa famosa mesa”, escreveu, no Twitter.
Los voceros de Washington en tono gangsteril repiten que “en el caso de Venezuela todas las opciones están sobre la mesa” ¡Mienten! Ni la diplomacia, ni el diálogo, ni el respeto al Derecho Internacional y a la Constitución venezolana están sobre esa famosa mesa.
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) 22 de março de 2019
Durante reunião na Casa Branca, tanto Trump, quanto Bolsonaro, não descartaram a hipótese de uma ação militar contra Maduro, embora o presidente do Brasil tenha defendido levar a diplomacia até as últimas consequências.
À época, o governo venezuelano expressou “seu contundente rechaço às perigosas declarações dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro”. Em comunicado emitido pelo chanceler Jorge Arreaza, Caracas disse ser “grotesco” “ver dois chefes de Estado com grandes responsabilidades internacionais fazerem apologia da guerra sem qualquer cerimônia, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas”.
No texto, a Venezuela disse estar preocupada com a “influência bélica estadunidense sobre o Brasil e as teses supremacistas de Donald Trump sob Jair Bolsonaro. Sem dúvida, ambos os presidentes refletem as ideias mais retrógradas para os povos da região, assim como para a paz e a segurança mundial”.
A visita de Bolsonaro é motivo de polêmica no Chile, já que os presidentes da Câmara e do Senado, ambos de esquerda, decidiram boicotar um almoço oferecido pelo chefe de Estado do país, o conservador Sebastián Piñera. Também estão previstas para sexta e sábado (23/03) manifestações contra o presidente.
(*) Com Ansa
Alan Santos/PR
Eduardo Bolsonaro defendeu "uso da força" para tirar Maduro do poder na Venezuela