Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (07/04) a restauração da ajuda aos palestinos que havia sido suspensa durante o mandato do ex-presidente Donald Trump e prometeram promover uma solução de dois Estados para encerrar o conflito com Israel, uma medida celebrada pela Alemanha e pela ONU, mas que irritou Tel Aviv.
O presidente Joe Biden disse que seu país mais uma vez fará contribuições para a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), com uma contribuição de US$ 150 milhões. Ele também oferecerá US$ 75 milhões em assistência econômica e de desenvolvimento para Gaza e a Cisjordânia, territórios ocupados ilegalmente por Israel, além de US$ 10 milhões para esforços de paz.
Em uma ligação com o rei Abdullah II da Jordânia, um antigo aliado dos EUA, Biden “afirmou que os Estados Unidos apoiam uma solução de dois estados para o conflito israelense-palestino”, segundo um comunicado da Casa Branca.
“A ajuda externa dos EUA ao povo palestino atende a importantes interesses e valores dos EUA. Fornece alívio crítico aos mais necessitados, promove o desenvolvimento econômico e apoia o entendimento, a coordenação de segurança e a estabilidade israelense-palestina”, afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.
Em rápida reação, Israel mostrou sua insatisfação com o restabelecimento da ajuda dos EUA à Palestina, citou a agência de notícias AFP. “Eu expressei meu desapontamento e objeção à decisão de renovar o financiamento da UNRWA sem primeiro garantir que certas reformas, incluindo parar o incitamento e remover o conteúdo antissemita de seu currículo educacional, sejam realizadas”, disse, em outro comunicado, o embaixador de Israel em Washington, Gilad Erdan.
A reação israelense surge no momento em que os Estados Unidos se envolvem em negociações indiretas com o Irã, lideradas pela Europa em Viena, para retornar ao acordo sobre o programa nuclear de Teerã, ao qual o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se opôs fortemente.
Lawrence Jackson/White House
Governo Biden retomou contribuições à UNRWA, suspensas durante era Trump
O porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Stéphane Dujarric, disse que o organismo mundial “acolheria muito bem” a restauração da ajuda norte-americana. E, por sua vez, o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, disse que o apoio de Washington à UNRWA “envia o sinal certo”.
“Como os desafios só aumentaram na época do coronavírus, o anúncio do governo dos EUA chega na hora certa para os afetados na região”, disse Maas, em nota.
Os recursos se somam aos 15 milhões de dólares anunciados anteriormente pelos Estados Unidos para o combate ao coronavírus entre os palestinos em meio às críticas recebidas por Israel, que é líder na vacinação de seus cidadãos, mas não estendeu seus esforços aos territórios. Israel argumenta que a imunização é responsabilidade da Autoridade Palestina.
A UNRWA teve os Estados Unidos como seu maior doador por um tempo, mas enfrenta déficit desde que Trump interrompeu os recursos em 2018 sob o argumento de que os refugiados, alguns em campos por gerações, deveriam ser realocados.
A agência explicou que suas necessidades aumentaram devido à crise gerada pela pandemia e às dificuldades enfrentadas pelos palestinos que vivem em uma Síria devastada pela guerra, no Líbano e na Jordânia
Pouco depois de assumir o poder no final de janeiro, Biden disse que reabriria o escritório da Organização para a Libertação da Palestina em Washington, que havia sido fechado por Trump.
No entanto, ele permaneceu à margem de qualquer grande iniciativa de paz, já que até mesmo os defensores de uma solução de dois Estados, como o presidente, veem as chances de progresso de curto prazo como mínimas, especialmente devido à situação turbulenta em Israel após as eleições.