Os nicaraguenses vão às urnas neste domingo (07/11) em eleições gerais para escolher os representantes no Parlamento Centro-Americano, na Assembleia Nacional e o próximo presidente do país.
Com cerca de 180 entidades de observação internacional e mais de 13 mil postos eleitorais, a disputa presidencial se divide entre seis partidos políticos, para a qual a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), do atual presidente Daniel Ortega, chega como favorita.
Acompanhado pela atual vice-presidente Rosario Murillo, Ortega se candidata à reeleição buscando o 4º mandato consecutivo e o 5º em sua trajetória política.
O atual presidente ocupou o cargo pela primeira vez entre 1985 e 1990, sendo um dos quadros mais relevantes da Revolução Sandinista que derrubou a ditadura dos Somoza, em 1979. Ortega retornou ao governo em 2007, após vencer as eleições do ano anterior, e voltou a ser reeleito para os mandatos de 2012 a 2017 e 2017 a 2022.
Durante a campanha, o atual mandatário concentrou suas promessas na ampliação dos programas sociais criados em suas gestões, focando seus planos de governo na aérea social e econômica. O atual governo ainda aposta no combate ao que classifica como “ataques imperialistas”, após acusar entidades não governamentais de estarem aliadas aos Estados Unidos para desestabilizar a política nacional.
Além de Ortega, outros cinco candidatos concorrem à Presidência do país, tentando quebrar a hegemonia eleitoral dos sandinistas. Pelo Partido Liberal Constitucionalista (PLC), Walter Espinoza, de 41 anos, que já ocupou os cargos de conselheiro em Manágua e exerce o mandato de deputado desde 2016, busca conquistar o Executivo.
Consejo Supremo Electoral de Nicaragua
Frente Sandinista é favorita para conquistar o 4º mandato presidencial consecutivo
Espinoza assumiu a candidatura presidencial após a renúncia do empresário Milton Arcia, que desistiu de concorrer por conta de desacordos com decisões da presidente do partido, María Haydee Osuna.
O advogado e também deputado Mauricio Orue Vásquez é o candidato presidencial pelo Partido Liberal Independente (PLI). Em 2017, foi acusado de fraude financeira pela Universidade Evangélica da Nicarágua após um acordo com o Instituto Centro-Americano de Estudos Superiores (ICES).
Já a Aliança Liberal da Nicarágua (ALN) lançou Marcelo Montiel para as eleições deste domingo. Montiel não ocupa nenhum cargo público e disputa sua segunda eleição geral – em 2011, concorreu ao Parlamento, mas não foi eleito.
Outra novidade na disputa é o advogado Gerson Gutiérrez, o candidato presidencial mais jovem dessas eleições, com 29 anos, concorre pela Aliança pela República (Apre).
O setor evangélico, reunido no partido Caminho Cristão Nicaraguense (CNN) apresentou o pastor Guillermo Osorno para concorrer à Presidência. Osorno é deputado do Parlamento Centro-Americano.
Setores da oposição denunciam 'perseguição'
Alguns setores da oposição na Nicarágua denunciam uma suposta perseguição por parte do governo Daniel Ortega. Prisões de políticos que ocorreram meses antes das eleições foram apontadas por partidos opositores como uma tentativa do atual mandatário retirar potenciais rivais da disputa eleitoral.
As prisões de Félix Maradiaga, que planejava lançar candidatura pelo partido Unidade Nacional Azul e Branco, e de Víctor Hugo Tinoco, ex-ministro das Relações Exteriores e membro do partido União Democrática Renovadora (Unamos), são alguns dos casos apontados pela oposição como exemplos de “perseguição” do governo nicaraguense.
Os opositores foram enquadrados na lei nº 1055 de Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz, que busca punir a promoção de intervenção estrangeira. De acordo com o governo, opositores presos estariam agindo para desestabilizar a política interna do país com auxílio externo, principalmente dos EUA.
Em entrevista a Opera Mundi concedida em agosto, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, justificou as ações judiciais e afirmou que o governo norte-americano tenta derrubar Ortega do poder.
“Os EUA não aceitam o governo da Nicarágua, eleito democraticamente, e seguem tentando derrubá-lo, desrespeitando a soberania e autodeterminação da Nicarágua. Eles financiam essas pessoas que estão sendo processadas e investigadas, usando-as como cavalos de Troia para desestabilizar o governo de Ortega”, alegou Moncada.
Ortega lidera intenções de voto
Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, a FSLN é ampla favorita na disputa presidencial deste domingo, aparecendo com mais de 70% da preferência, segundo estudo realizado pelo instituo M&R Consultores.
A pesquisa, feita entre os dias 16 e 23 de outubro, divide 11% das intenções entre todos os outros partidos de oposição. Além disso, mais de 18% ainda estão indecisos.
De acordo com os dados da pesquisa, 69,8% dos entrevistados acreditam que o futuro do país centro-americano nos próximos cinco anos será de “estabilidade, segurança e progresso econômico”, e 79,3% reconhecem o progresso na Nicarágua desde o retorno da FSLN ao governo após as eleições de 2006.
*Com TeleSur