O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a decisão do Reino Unido de extraditar o jornalista australiano e fundador do Wikileaks, Julian Assange, nesta sexta-feira (17/06).
“Hoje tomaram a decisão de extraditar o Assange para os EUA. E se ele for extraditado, certamente é prisão perpétua, e ele morrerá na cadeia. E nós, que estamos aqui falando de democracia, precisamos perguntar: que crime o Assange cometeu?”, questionou Lula no Twitter.
Hoje tomaram a decisão de extraditar o Assange para os EUA. E se ele for extraditado, certamente é prisão perpétua, e ele morrerá na cadeia. E nós, que estamos aqui falando de democracia, precisamos perguntar: que crime o Assange cometeu? Ele só falou a verdade.
— Lula (@LulaOficial) June 17, 2022
O ex-mandatário brasileiro também destacou que “os EUA pediram desculpas para Angela Merkel, mas não ao Brasil”, em referência ao pedido de desculpas do então p´residente norte-americano Barack Obama, em 2014, à ex-chanceler alemã, depois que um vazamento do Wikileaks revelou que Merkel foi espionada pela Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês).
Anos antes, em 2009, foi vazado um telegrama do embaixador norte-americano no Brasil que apontou “paranoias” do governo brasileiro quanto à defesa da fronteira amazônica e às reservas de petróleo brasileiras.
A ex-presidente Dilma Rousseff também chegou a ser espionada pela NSA, que grampeou o seu e outros 28 telefones de seu governo, como revelou Wikileaks em 2015.
@ricardostuckert/Reprodução
Dentro da rede social, o ex-presidente brasileiro enfatizou que Assange cometeu ‘o crime de falar a verdade’
Lula ainda afirmou nesta sexta que “se alguém cometeu um crime foi quem, em nome dos EUA, estava espionando outros países. Inclusive espionando sobre a Petrobrás”.
Ele denunciou as falcatruas e espionagens feitas pelo país mais importante do planeta. Os EUA pediram desculpas para Angela Merkel, mas não ao Brasil. Se alguém cometeu um crime foi quem, em nome dos EUA, estava espionando outros países. Inclusive espionando sobre a Petrobrás.
— Lula (@LulaOficial) June 17, 2022
Outros vazamentos, de junho de 2015 e de fevereiro de 2016, revelaram que outros líderes, como ex-presidentes franceses, Nicolas Sarkosy e o então presidente, François Hollande, o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, e o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também foram espionados.
A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, assinou nesta sexta-feira (17/06) a ordem de extradição para os Estados Unidos do jornalista e fundador do Wikileaks, Julian Assange, que pode pegar até 175 anos de detenção.
Assange é acusado de 18 crimes nos EUA, entre eles espionagem, por ter vazado documentos secretos do país sobre crimes de guerra cometidos pelas forças nacionais nas guerras do Irã e do Afeganistão. Ele ainda é acusado de “conspirar” com a ex-analista Chelsea Manning para obter documentos secretos.
No entanto, mesmo com a decisão de Patel, que veio após o Tribunal dos Magistrados de Westminster autorizar a extradição, Assange não será enviado imediatamente aos Estados Unidos.
A defesa do australiano agora tem 14 dias para tentar um último apelo contra a decisão da ministra na Justiça. No caso de nova derrota no Reino Unido, ainda há a possibilidade de recorrer ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, em Estrasburgo, órgão do Conselho da Europa do qual Londres faz parte.
(*) Com Ansa.