Na China, por ocasião do encerramento da sessão parlamentar anual do país, nesta segunda-feira (13/03), o novo primeiro-ministro, Li Qiang, fez sua estreia pública em uma coletiva de imprensa. Ele procurou tranquilizar o setor empresarial privado. De acordo com a divisão de papeis dentro do Partido Comunista Chinês, a economia é atribuída ao primeiro-ministro.
Rosto sorridente, aceno constante em direção às câmeras, Li Qiang respondeu às perguntas dos jornalistas (provavelmente enviadas com antecedência) sem precisar consultar notas e afirmando, pelo menos três vezes, sua confiança nos fundamentos da segunda maior economia do mundo, que ainda se recupera dos danos causados pela pandemia da covid-19.
O premiê aposta em seu mercado interno gigantesco, no dinamismo de suas empresas, principalmente as voltadas para a exportação, uma resposta contra quem, nos Estados Unidos, defende uma dissociação da China.
“De acordo com dados chineses, o comércio entre a China e os Estados Unidos atingiu US$ 760 bilhões no ano passado, o que é um recorde na história. Os dois países devem cooperar entre si. Se cooperarmos, podemos realizar grandes coisas juntos. Cerco e repressão não são uma solução”, sugeriu Li Qiang.
A meta de crescimento chinesa, fixada em 5% para este ano, não será fácil de atingir, adverte o chefe do Conselho de Estado, que, para tranquilizar os mercados, recorda seu conhecimento em relação ao empresariado e sobre as “dificuldades das empresas”. Um conhecimento forjado durante sua carreira na administração das ricas províncias orientais (Jiangsu e Zhejiang) onde foi implementada a política de abertura ao capitalismo vermelho.
O setor privado chinês foi fortemente abalado nos últimos anos após uma repressão regulatória que visa principalmente o setor de novas tecnologias, da internet e da educação privada.
Pioneirismo
Em seu discurso, Li Qiang falou sobre a necessidade de apoiar o pioneirismo no segmento empreendedor e do apoio do governo central à economia privada, passando pelo mercado de trabalho.
Wikicommons
Li Qiang é o novo ´primeiro-ministro da China
Nenhuma resposta foi dada, porém, aos riscos sistêmicos que ameaçam o desenvolvimento econômico do país, como a crise imobiliária e o endividamento das províncias.
Em vez disso, o primeiro-ministro preferiu citar os heróis de sua geração, os stakhanovistas (trabalhadores que aderiram ao movimento operário soviético que defendia o aumento da produtividade pelo maior empenho), protagonistas de uma “propaganda capaz de mover montanhas”. “Todos os países passam por dificuldades, o povo chinês sempre superou as suas”, acrescentou.
Já o recentemente reeleito presidente chinês, Xi Jinping, ao se pronunciar durante a cerimônia de encerramento da sessão parlamentar, também colocou a economia no centro de seu primeiro discurso neste terceiro mandato. “Devemos promover uma abertura de alto nível e fazer bom uso do mercado e dos recursos mundiais para o nosso desenvolvimento e promover o desenvolvimento comum do mundo”, enfatizou.
Segurança de aço
A segurança também recebeu atenção neste breve pronunciamento. Após dez anos no poder, o número um chinês eliminou seus rivais. Em sua opinião, o Partido Comunista deve fortalecer sua supervisão das questões de segurança e modernizar suas forças armadas.
Xi Jinping declara suas diretrizes quando acaba de validar uma equipe de liderança estatal composta por sua guarda próxima. Uma oportunidade de reforçar o conceito de “grande muralha de aço” já utilizado para o centenário do PCC.
“A segurança é a base do desenvolvimento, a estabilidade é o pré-requisito para a prosperidade”, ele insistiu. “Devemos promover de forma abrangente a modernização da defesa nacional e das forças armadas, e transformar o exército popular em uma grande muralha de aço que proteja efetivamente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país.”
Um desenvolvimento que deve ser compartilhado, repetiu o presidente chinês, de acordo com os princípios de redução das grandes diferenças de riqueza, conforme demonstrado na política de “prosperidade comum” que ele iniciou e que continua a abalar o setor privado.