Rafah foi alvo neste sábado (18/05) de fortes combates e bombardeios, de acordo com testemunhas na cidade do sul da Faixa de Gaza, enquanto o Exército israelense anunciava a primeira entrega de ajuda humanitária ao território palestino sitiado por meio de um porto flutuante e temporário construído pelos Estados Unidos.
Quase duas semanas após o início de uma operação “limitada” em Rafah, segundo o Exército israelense, um ataque matou duas pessoas em um campo para refugiados, disse o hospital Kuwaiti da cidade, enquanto testemunhas relataram disparos e bombardeios pesados nos distritos sudeste e leste de Rafah.
No norte da Faixa de Gaza, os combates entre as forças israelenses e o grupo palestino Hamas foram retomados. Correspondentes da AFP, testemunhas e médicos relataram intensos combates na noite de sexta-feira (17/05) no campo de refugiados de Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza.
No início de janeiro, Israel anunciou que havia desmantelado a estrutura de comando do Hamas no norte do território palestino, mas o Exército disse que o movimento “controlava totalmente a cidade de Jabalia até nossa chegada, há alguns dias”.
Apelo de 13 países
“Mais de 300 lotes contendo ajuda humanitária” foram descarregados, “os primeiros a entrar através do cais flutuante temporário” atracado na costa do território palestino ameaçado pela fome, informou o Exército israelense em um comunicado no sábado.
Por sua vez, o Hamas enfatizou que “nenhuma rota de ajuda, incluindo o cais flutuante, pode ser uma alternativa às estradas sob supervisão palestina”.
Na sexta-feira, 13 países – Japão, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul e sete Estados-Membros da União Europeia, incluindo a França – enviaram a Israel um apelo conjunto para não lançar uma ofensiva em grande escala em Rafah.
Mas para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, trata-se de uma ofensiva necessária e “decisiva”, já que os últimos batalhões do Hamas estão entrincheirados em Rafah, segundo ele.
Dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, cerca de 1,4 milhão de pessoas, entre residentes e deslocados pelos combates, estavam em Rafah até agora.
Desde que Israel ordenou que os civis deixassem os setores orientais de Rafah em 6 de maio, antecipando uma grande ofensiva terrestre, “640 mil pessoas” fugiram da cidade, “incluindo 40 mil em 16 de maio”, de acordo com o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (OCHA).
Em seu apelo conjunto, os 13 países também pediram “esforços adicionais” para melhorar o fluxo de ajuda internacional “através de todos os pontos de passagem relevantes, incluindo Rafah”.
Visita dos EUA a Israel
O principal apoiador de Israel, os Estados Unidos, que também se opõe a uma ofensiva em grande escala em Rafah, anunciou uma visita a Israel do assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, para domingo (19/05), após uma escala na Arábia Saudita no sábado.
Desde o posicionamento, em 7 de maio, do Exército israelense no lado palestino da travessia de Rafah, israelenses e egípcios têm culpado um ao outro pela paralisação dessa travessia crucial para a entrada de ajuda, cujas entregas também são amplamente prejudicadas nas travessias de Kerem Shalom e Erez, no lado israelense.
Destruição maciça
O conflito foi desencadeado em 7 de outubro por um ataque de comandos do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de mais de 1.170 pessoas, de acordo com um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Das 252 pessoas tomadas como reféns, 125 ainda estão presas em Gaza, 37 delas mortas, de acordo com o Exército.
Do lado palestino, 35.386 pessoas, principalmente civis, foram mortas desde o início da guerra, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza.