Durante o Fórum Empresarial do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) em Johanesburgo, na África do Sul, nesta terça-feira (22/08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou novamente o “neocolonialismo verde” praticado pelos países da Europa.
Segundo Lula, os países emergentes não devem aceitar “imposição de barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”. Direcionando seu discurso aos empresários presentes no fórum, o presidente afirmou que o “dinamismo da economia está no Sul Global, e o Brics é sua força motriz”. Assim como, pra ele, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), chamado de banco do Brics, é um marco na colaboração entre as economias emergentes.
“O Brasil e os países africanos não podem permanecer como meros exportadores de produtos primários. Devemos aproveitar a integração de nossas cadeias produtivas e agregar valor aos bens e serviços que produzimos de forma sustentável. Possuímos planos abrangentes de renovação de suas matrizes energéticas, compartilhamos a responsabilidade de cuidar de florestas tropicais e preservar a biodiversidade”, disse ele.
A fala de Lula, com relação ao “neocolonialismo verde” vai no mesmo tom de seu discurso no encerramento da Cúpula da Amazônica. Na ocasião, o presidente defendeu que certas “medidas protecionistas são mal disfarçadas de preocupação ambiental”.
Lula também abordou o novo programa de Aceleração do Crescimento (PAC), afirmando que a ferramenta representa uma oportunidade de investimento para países que integram o Brics, de forma que deve movimentar um total de US$ 340 bilhões. “Apresentei, há duas semanas, o PAC. O plano prevê a retomada de empreendimentos paralisados, a aceleração dos que estão em andamento e a seleção de novos projetos. Trata-se de um programa amplo, com muitas oportunidades que podem interessar aos investidores dos países do Brics”, declarou o presidente
Moeda alternativa ao dólar
O presidente voltou a defender utilização de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio entre os países do Brics. Ele afirmou ainda que o Novo Banco de Desenvolvimento deve ser um líder global no financiamento e uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre os países em desenvolvimento.
Ricardo Stuckert
Segundo presidente Lula, apesar de reaproximação com outros países, Brasil ainda precisava retornar à África
“As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento continuam muito altas. A falta de reformas substantivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes. A decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento representou um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes”, disse.
Nesse sentido, Lula falou sobre a reaproximação de Brasília com os países do continente africano. De acordo com o presidente, desde sua posse em janeiro, o Brasil retomou parcerias com os Estados Unidos, China e União Europeia, mas faltava “o retorno à África”.
“É inaceitável que, em 2022, o comércio do Brasil com a África tenha diminuído em um terço com relação a 2013, quando era de quase 30 bilhões de dólares. Há muito espaço para crescer. Além de um passado que nos une, também compartilhamos uma visão comum de futuro. Em meus dois primeiros mandatos, fiz 12 viagens à África e estive em 21 países. O Brasil está de volta ao continente de que nunca deveria ter se afastado”, declarou o mandatário.
Presidente Lula participa do Fórum Empresarial do BRICS https://t.co/FRsmQwARrU
— Lula (@LulaOficial) August 22, 2023
O presidente ainda considerou importante a colaboração com os países africanos para planos de sustentabilidade. “A África é a região do mundo que menos emite gases do efeito estufa. Nem por isso deixa de enfrentar as consequências mais perversas do aquecimento global, como secas, inundações, incêndios e ciclones”, declarou.
(*) Com Agência Brasil e Ansa