(Atualizado às 18h50)
Milhares de egípcios saíram às ruas da capital Cairo e de outras cidades do Egito para paricipar das manifestações contra a situação política e econômica. A polícia usou bombas de gás e canhões de água para tentar bloquear a passagem dos manifestantes. Às 10h da manhã, o único indício de que algo fora do normal poderia acontecer era o grande aparato policial nas ruas. Duas horas depois, centenas de pessoas bloquearam as avenidas, gritando palavras de ordem contra o governo.
As manifestações, convocadas pela internet, coincidem com o feriado nacional em homenagem à polícia egípcia. Os grupos se apresentam como porta-vozes da “juventude frustrada com a pobreza e a opressão”, segundo denominam o movimento nas mensagens que circulam pela rede mundial de computadores. No sítio de relacionamento Facebook, um grupo com mais de 87 mil seguidores chama o dia 25 de janeiro de “o dia do fim do silêncio e submissão”.
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O governo egípcio alertou que iria prender quem se manifestasse sem a devida permissão oficial. “O aparato de segurança irá lidar firmemente com qualquer tentativa de quebra da lei”, informou o diretor de Segurança do Cairo, por meio de um comunicado.
O ministro do interior, Habib el-Adli, ordenou a detenção de qualquer pessoa que “expresse suas opiniões ilegalmente”. No Egito, manifestações sem prévia autorização do governo são proibidas. Solicitações para hoje foram negadas, por motivos de segurança.
Os protestos nascem claramente influenciados pelo sucesso do movimento popular que derrubou o presidente da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, que ficou 23 anos no poder. O presidente egípcio, Hozni Mubarak, está no cargo há 30 anos e ainda não anunciou se concorrerá a mais um mandato este ano. Como na Tunísia, o Egito é um estado laico em uma nação majoritariamente muçulmana. Mas, no caso egípcio, a oposição islâmica é organizada.
“Há uma cadeia que está a ocorrer”, diz o doutor em relações internacionais Aly Jamal, do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique. “Já tivemos o caso da Argélia, depois o da Tunísia. Os problemas que produzem essa situação estão presentes na maior parte dos países da região, talvez com exceção da Líbia. São as dificuldades de sobrevivência no dia a dia, o incrementos nos preços e no nível de vida”, explicou o acadêmico.
Para o professor Jamal, a saída para os governos não verem a autoridade questionada seria atacar os problemas diretamente. “Reduzir os impostos, promover políticas de emprego mais efetivas, subsidiar produtos. É o preço a pagar para evitar alguma revolta maior, com ameaça à ordem pública e outras consequências.”
Cairo
Na capital do país, milhares de manifestantes de todas as correntes políticas também se mobilizaram para derrubar Mubarak. Desde o início da manhã, manifestantes se reuniram em diversos pontos do Cairo respondendo a uma convocação que teve início na internet, que coincidiu com a queda do presidente tunisiano, Ben Ali, em 14 de janeiro, após um mês de protestos.
“A barreira do medo caiu, acabou. Estou aqui para tentar fazer com que Hosni Mubarak caia. É um ditador como (Francisco) Franco na Espanha”, disse um manifestante que se identificou como Halil.
O protesto transcorreu de forma tranquila com a exceção de alguns enfrentamentos pontuais, com o lançamento de gás lacrimogêneo e jatos de água por policiais sobre os manifestantes.
*Com Agência Brasil e Efe
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