A promotoria de Stuttgart (sul da Alemanha) anunciou nesta segunda-feira (06/05) a prisão de um homem de 93 anos suspeito de ter trabalhado como guarda do campo de concentração de Auschwitz. Ele é acusado de ter sido cúmplice no assassinato em massa de milhares de prisioneiros, em sua maioria judeus.
“A polícia criminal de Baden Wurtemberg (Estado federal alemão), cumprindo uma ordem da promotoria de Stuttgart, prendeu em sua residência um ex-funcionário do campo de concentração de Auschwitz, de 93 anos, que fazia parte do serviço de guardas desde 1941 até seu fechamento, em 1945, e que é suspeito de cumplicidade em assassinatos”, afirma a promotoria em um comunicado.
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Entrada principal do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, com os dizeres “O trabalho liberta”
O homem foi detido em sua casa, se apresentou diante o juiz e foi colocado sob custódia. Um médico examinou o suspeito e, apesar de sua idade avançada, o considerou capaz de permanecer preso, segundo um porta-voz da promotoria.
As autoridades se negaram a revelar o nome do suspeito. No entanto, informações da imprensa alemã falam que se trata de se trata de Hans Lipschis, homem que que vive na cidade de Aalen, em Baden-Wuerttemberg.
Na época da II Guerra Mundial, o suspeito, de origem lituana, recebeu um status de “pertencente à etnia alemã” por parte dos nazistas. De acordo com o jornal Die Welt, Lipschis foi naturalizado pelo regime nazista. Foi morar nos Estados Unidos em 1956 e viveu em Chicago até ter disso deportado de volta para a Alemanha, em 1983.
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O Centro Simon Wiesenthal incluiu Lipschis em seu informe de 2013 como o quarto nazista mais procurado. Ele foi acusando de ter servido no SS-Totenkopf Sturmbann (“Batalhão da Caveira”) de 1941 a 1945, em Auschwitz, além de “participar no assassinato em massa e na perseguição de civis inocentes, principalmente judeus”.
Segundo uma matéria do canal público SWR, Lipschis afirma ter trabalhado em Auschwitz como cozinheiro e não como guarda.
Mais de um milhão de pessoas, em sua maioria de judeus europeus, morreram no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, que permaneceu ativo na Polônia ocupada de 1940 até ter sido libertado por tropas do Exército Vermelho soviético em 27 de janeiro de 1945.
Antecedentes jurídicos
Consultado pela agência France Presse, o caçador de nazistas francês Serge Klarsfeld, vice-presidente da Fundação para a Memória da Shoah, disse estar “dividido entre seu conceito de justiça e a necessidade de perseguir os criminosos de guerra até seu suspiro”. “São necessários testes e documentos para incriminá-lo. Estimo que, sem dúvida, haverá mais testemunhas para indiciá-lo”, afirmou.
Klarsfeld recordou que os guardas de Auschwitz foram absolvidos depois da guerra. “A justiça alemã poderia ter julgado depois da guerra os dirigentes dos campos de extermínio, mas não o fez”, acrescentou.