Cerca de 10 mil pessoas saíram nesta segunda-feira (04/04) às ruas de Reykjavík, capital da Islândia, em um protesto que pediu a renúncia do primeiro-ministro do país, Sigmundur Davið Gunnlaugsson, citado nos “Panama Papers”.
EFE
Aproximadamente 10 mil pessoas (8% da população de Reykjavík) protestaram contra o primeiro-ministro no centro da capital
Manifestantes chegaram a arremessar bananas, ovos e rolos de papel higiênico na fachada do Parlamento, no centro da cidade. O número estimado de pessoas que foram protestar na capital corresponde a cerca de 8% dos habitantes de Reykjavík. O sargento da polícia local, Arnar Runar Marteinsson, afirmou à mídia islandesa que nunca viu um protesto com tantas pessoas.
“Governo desqualificado” esteve entre os gritos entoados pelos manifestantes, o mesmo dos protestos de 2008, quando a crise econômica desencadeada pelos EUA levou a uma desvalorização da moeda local, a coroa islandesa, e a um endividamento público que chegou a ser 11 vezes maior do que a receita do país. Uma petição online que pede a renúncia do primeiro-ministro foi assinada por mais de 27 mil pessoas (a Islândia possui 330 mil habitantes).
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Segundo os documentos, o premiê e sua esposa, Anna Sigurlaug Pálsdóttir, compraram uma empresa em 2007 nas Ilhas Virgens Britânicas, consideradas um paraíso fiscal, dois anos antes de Gunnlaugsson assumir um assento no Parlamento. Ao tomar posse, ele não teria declarado sua participação na empresa.
Gunnlaugsson, premiê desde 2013, declarou à imprensa local que não cogita renunciar ao cargo e que não fez uso da empresa para evitar o pagamento de impostos na Islândia.
A oposição social-democrata a Gunnlaugsson afirmou que deverá apresentar uma moção de rejeição ao governo no Parlamento. Parte dos opositores endossou o pedido de renúncia e pede novas eleições no país.
EFE
O primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davið Gunnlaugsson (foto), foi alvo de protestos populares na capital Reykjavík
Os chamados “Papéis do Panamá” são uma série de 11 milhões de documentos vazados neste final de semana após uma investigação feita pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês) que reuniu 376 profissionais de 109 veículos, em 76 países. A reportagem investigou arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca, especializada na abertura de offshores. Políticos, chefes de Estado e celebridades estão entre os nomes citados.