O governo brasileiro avalia a situação na península coreana para decidir sobre a transferência de seus funcionários da embaixada em Pyongyang, depois que a Coreia do Norte notificou nesta sexta-feira (05/04) todas as representações diplomáticas a deixar o país diante do risco de uma guerra na região. Após a próxima quarta-feira (10), o país afirma que não garantirá a segurança de qualquer organização internacional em seu território.
Agência Efe
Míssil sul-coreano no museu da guerra, em Seul
O pedido norte-coreano foi feito em meio à movimentação militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul, após a Coreia do Norte advertir que a guerra era inevitável, em decorrência de novas sanções impostas pela ONU (Organização das Nações Unidas) por seus testes nucleares.
“Avaliaremos quais são as condições exatamente antes de tomarmos uma decisão sobre a permanência dele (embaixador brasileiro, Roberto Colin) ou alguma outra a alternativa, em contato também com outras embaixadas em Pyongyang”, afirmou nesta sexta o ministro de relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, em entrevista coletiva conjunta em Brasília, com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cingapura, K. Shanmugam.
A ONU afirmou nesta sexta-feira que não deverá retirar seus funcionários, assim como a França. O Reino unido avalia essa possibilidade.
O Itamaraty afirmou que seis brasileiros vivem atualmente na Coreia do Norte, incluindo o embaixador, sua mulher e filho, um funcionário administrativo, além da mulher e filha do embaixador da Palestina, que são brasileiras.
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“Seguimos com preocupação essa escalada retórica na península coreana e estamos em permanente contato com o nosso embaixador”, disse Patriota. Um dia antes, Patriota havia dito que a ameaça de guerra e a elevação da tensão na Coreia do Norte ficaria “na retórica”.
Nos termos da Convenção de Viena, que rege as missões diplomáticas, os governos anfitriões devem facilitar a saída do pessoal de embaixadas em caso de conflito.
Transferir os funcionários não implica o fechamento da embaixada, esclareceu o Itamaraty, o que teria um significado político e diplomático mais amplo.
“Nesse caso a gente pode considerar a preservação da segurança dos funcionários levando-os para outro lugar. Não é o rompimento das relações diplomáticas Brasil-Coreia do Norte”, disse a assessoria de imprensa do Itamaraty.
De acordo com a assessoria, o embaixador brasileiro teria indicado que existe a possibilidade de levar o corpo diplomático para Dandong, uma cidade chinesa próxima, na fronteira com a Coreia do Norte.
Além da possibilidade de retirada para a vizinha China, a assessoria afirmou ainda que a Embaixada do Brasil em Pyongyang tem um abrigo subterrâneo e um gerador próprio.
A primeira embaixada brasileira em Pyongyang foi aberta em 2009 sob a chefia do embaixador Arnaldo Carrilho, embora o Brasil e a Coreia do Norte já tivessem relações diplomáticas antes disso.
Em entrevista à Reuters em 2010, Carrilho afirmou que o objetivo central do Brasil era “a abertura de diálogo em todos os sentidos, inclusive no que se refira à questão nuclear e ao estágio permanente de guerra do Exército Popular”.
As Coreias do Sul e do Norte permanecem tecnicamente em guerra desde 1953, quando uma trégua informal pôs fim à Guerra da Coreia, que tirou a vida de quase 3 milhões de pessoas.
(*) com agências de notícias Reuters e Efe