A MUD (Mesa de Unidade Democrática), aliança opositora ao governo da Venezuela, anunciou nesta sexta-feira (10/02) que entregou um acordo “para a superação da crise política e social” a mediadores do diálogo para a conciliação entre governo e oposição no país. A tentativa de relançamento do processo ocorre após interrupção do processo em dezembro do ano passado, quando ambas as partes se acusaram de não cumprir os acordos, e depois de a oposição ter rejeitado a proposta para a retomada do diálogo no fim de janeiro.
Em comunicado, a MUD explicou que o documento “se concentra em quatro aspectos básicos” que “não são pontos de agenda para iniciar o diálogo, mas as bases de qualquer acordo possível, sempre e quando esse acordo contar com medidas adicionais suficientes para sua verificação independente”.
A proposta exige “uma data concreta de realização de eleições para resolver a crise, a liberdade de todos os presos políticos, o atendimento urgente às vítimas da crise humanitária e o respeito às atribuições constitucionais” da AN (Assembleia Nacional), parlamento cuja maioria representa a oposição. O texto foi entregue nesta quinta-feira (09/02) ao representante da Unasul (União das Nações Sul-americanas), Mauricio Doffler, e ao ex-presidente do Paraná, Martín Torrijos, que atuam como mediadores do diálogo junto ao Vaticano e ao ex-presidente Leonel Fernández (República Dominicana) e o ex-chefe do governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero.
AVN
Dálogos entre governo do presidente Nicolas Maduro e oposição foram suspensos em dezembro
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Após a suspensão das negociações em dezembro do ano passado, os representantes do governo venezuelano entregaram uma proposta para a retomada do diálogo em janeiro, mas a MUD rejeitou os termos do documento, classificando-os como “inaceitáveis”. “Não o aceitamos nem o assinaremos nunca”, declarou Carlos Ocariz, um dos representantes da oposição.
O grupo de mediadores – Ernesto Samper, secretário da Unasul, o Vaticano e José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) – entregou no dia 20 de janeiro aos representantes da MUD e do governo Maduro um plano de 21 pontos para reestabelecer o processo de diálogo, que entraram em “fase de revisão” no dia 6 de dezembro.
A delegação do governo decidiu na última segunda-feira (06/02) receber esta proposta e passar “para a segunda fase do diálogo a partir do presente”. No entanto, a MUD pôs em dúvida seu retorno às negociações devido aos “atrasos” do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) para convocar este ano o pleito de governadores que deveria acontecer em dezembro, além das eleições municipais.
Por sua vez, o representante do governo, Jorge Rodríguez, pediu um maior compromisso de setores políticos da oposição para chegar a um acordo pela paz na Venezuela. “Um dirigente político que aspire a representar na vida política da Venezuela tem que mostrar algo mais de de compromisso com a sua palavra, sua própria postura e sua própria conduta”, afirmou Rodríguez.