Mais de 60 feridos, todos sem gravidade. Esse foi o resultado de mais um atentado na Espanha promovido, segundo autoridades, pelo grupo terrorista ETA, que completa 50 anos daqui a dois dias.
O ataque aconteceu às quatro da madrugada desta quarta-feira (29), horário local, quando um furgão explodiu nos fundos da casa-quartel da Guarda Civil de Burgos, a 243 quilômetros de Madri, ao norte da Espanha.
Explosão afetou os 14 andares do quartel da Guarda Civil de Burgos
– Sabti Otero/EFE
Os cerca de 200 quilos de explosivos abriram uma cratera de sete metros de diâmetro e um metro e meio de profundidade, e afetou os 14 andares do quartel, deixando os primeiros pavimentos praticamente destruídos. A explosão foi tão forte que destroços do veículo foram encontrados a 200 metros do local.
Casas localizadas nos arredores do prédio também foram afetadas e 80 vizinhos tiveram que ser desalojados. Alguns já puderam retornar, mas outros 14 permanecem sem autorização da prefeitura para voltar às suas residências.
No momento da explosão aproximadamente 120 pessoas dormiam no local, entre elas 41 crianças. Os feridos foram levados para hospitais da região e liberados depois de receber atendimento médico. Os moradores do quartel foram realojados em outro prédio militar e alguns foram para casas de familiares e amigos.
Para o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, o fato de a explosão ter sido na área de dormitórios do prédio “demonstra o caráter canalha do atentado”. Segundo ele, o que ocorreu foi “um grande atentado fracassado que buscava vítimas mortais”.
O ministro reiterou ainda que, desta vez, diferentemente do que costuma ocorrer quando os atentados são contra a Guarda Civil, o grupo terrorista não deu nenhum aviso nem fez nenhuma reivindicação com antecedência.
Em visita ao local do atentado, Juan Vicente Herrera, presidente da Junta de Castilha e Leão, a qual pertence o município, afirmou que os indícios revelam que o “ETA visitou Burgos com a intenção de matar e provocar o maior dano possível”.
O presidente do governo espanhol, José Luiz Rodríguez Zapatero, declarou que, em breve, os autores dessa “loucura” estarão na cadeia.
Clonagem de placa
Agentes encarregados da segurança do quartel de Burgos desconfiaram do furgão Mercedes Vito de cor branca e de outro veículo que estava estacionado na região. Na noite de terça-feira, aproximadamente seis horas antes da explosão, os guardas chegaram a conferir a placa, a marca e o modelo do veículo e concluíram que pertencia a um vizinho da área.
Os terroristas teriam roubado um carro semelhante, possivelmente na França, e clonado a placa do veículo. Segundo demonstram as câmeras de segurança do local, o furgão foi estacionado nos fundos do quartel por volta das 14 horas de terça-feira.
O atentado confirma as suspeitas das Forças de Segurança espanholas sobre a possibilidade de que o ETA trouxesse da França três furgões carregados de explosivos para cometer novos ataques no país.
O grupo
O ETA (Euskadi Ta Askatasuna; em português, País Basco em Liberdade) é um grupo terrorista e nacionalista que defende a criação de um Estado independente Basco no norte da Espanha, atual região da Comunidade Autônoma do País Basco. Além de explosões, o ETA também é conhecido por promover sequestros, extorsões e assassinatos.
Em março de 2006, o grupo anunciou um cessar fogo permanente, que durou até junho de 2007, quando afirmou que não havia condições mínimas de seguir com um processo de negociações com o governo espanhol e que voltaria a atuar em defesa de um Estado Basco.
O último ataque provocado pelo grupo havia sido no mês passado, quando uma bomba explodiu na região de Bilbao e matou o chefe do Grupo de Vigilâncias Especiais da Brigada de Informação, que combate o terrorismo no país.
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