Atualizada às 20h14
A Câmara dos Deputados do Paraguai rejeitou na tarde desta quarta-feira (17/03) um pedido de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez e o vice-presidente Hugo Velázquez, ambos do Partido Colorado, pela má gestão da pandemia.
Os deputados governistas aprovaram por maioria o arquivamento com 42 votos contrários ao pedido, 36 a favor e duas abstenções. De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, com essa manobra, os congressistas não podem apresentar um novo pedido de afastamento do mandatário e seu vice pelo prazo de um ano.
Con 42 votos en contra, 36 a favor y 2 ausentes, la Cámara de Diputados rechazó el juicio político al Presidente de la República @MaritoAbdo pic.twitter.com/vnzfdmIsCQ
— Cámara de Diputados (@DiputadosPy) March 17, 2021
A bancada governista havia solicitado uma sessão extraordinária do Parlamento para que fosse discutido o impeachment que tramitava na casa após os documentos de acusação serem entregues nesta manhã à Câmara dos Deputados por Celeste Amarilla, do partido de oposição PRLA.
A intenção da sessão era arquivar o processo e tirar do debate político e social a possibilidade de destituir os titulares do poder Executivo, segundo informou o periódico.
Para que o pedido fosse aprovado e o processo de impeachment aberto, eram necessários pelo menos dois terços dos votos da Câmara, composta por 80 deputados. A maioria dos representantes é governista, com 42 deputados formando a bancada do partido Colorado.
Este pedido foi a segunda tentativa de impeachment contra Abdo Benítez. Em agosto de 2019, também os votos dos governistas, salvou o paraguaio. À época, a acusação era em relação a um ato secreto para vender energia ao Brasil em condições que a oposição considerou muito desfavoráveis.
Coalizão sindical
Uma movimentação sindical também ocorreu na terça-feira (16/03), com um total de 13 sindicatos paraguaios presentes. As entidades divulgaram um comunicado anunciando que se unem à mobilização popular em favor da destituição do presidente e do vice, e à convocação de novas eleições gerais.
Em entrevista coletiva, que ocorreu ao lado fora do Congresso Nacional, os representantes sindicais leram um comunicado no qual também lamentaram a situação atual da pandemia do novo coronavírus e elogiaram o papel da juventude nos protestos.
#Ahora | Trabajadoras y trabajadores de 13 sindicatos presentaron en Conferencia de Prensa un pliego de demandas del sector y el apoyo a la consigna #QueSeVayanTodos pic.twitter.com/yUe6WV5gbX
— Adelante! (@AdelantePy) March 16, 2021
DiputadosPy/Twitter
Para que impeachment seja aprovado na câmara, é preciso reunir dois terços dos votos
“Os trabalhadores paraguaios assinam esta nota com muita indignação pela situação dolorosa em que vivemos em nosso amado país. Saudamos o grande esforço da juventude trabalhadora e de boa parte do povo paraguaio que, desde 5 de março, assumiu as ruas para gritar de indignação frente ao roubo escandaloso de nosso dinheiro e frente à irresponsabilidade criminosa do Governo de Mário Abdo”, diz o comunicado.
Segundo os sindicatos, “a mobilização popular conseguiu abalar o governo. Podemos ver claramente que o medo desses políticos corruptos os levou a fazer algumas mudanças, buscando acalmar o desespero de um povo que dia a dia vai perdendo parentes, morrendo em hospitais, passando fome ou ficando desempregado ”.
#Ahora | Trabajadoras y trabajadores de 13 sindicatos presentaron en Conferencia de Prensa un pliego de demandas del sector y el apoyo a la consigna #QueSeVayanTodos pic.twitter.com/yUe6WV5gbX
— Adelante! (@AdelantePy) March 16, 2021
A coalizão de sindicatos também questionou as centrais de trabalhadores (Central Unitária de Trabalhadores, General Confederação de Trabalhadores, Central Nacional de Trabalhadores e Paraguai Confederação de Trabalhdores) por “não enfrentarem esta situação e pressionarem por mudanças urgentes no governo”.
“Lamentamos que essas quatro centrais tenham ido à Mburuvicha Róga (Casa do Governo) para prestar solidariedade ao presidente, algo que não corresponde em nada. O Governo está super atrasado em tudo relacionado às políticas sociais e trabalhistas”, disse Nelson González, do Sindicato dos Profissionais do Serviço Social do Paraguai (Siprotraso Py).
Protestos
Desde 5 de março, parte da população paraguaia se autoconvocou às ruas para manifestar contra a gestão do governo frente a pandemia
Com a pressão nas ruas, o ministro de saúde Julio Mazzoleni renunciou e o chefe de Estado anunciou uma reforma do gabinete, mudando o ministro de tecnologia e comunicação, o ministro de educação, o chefe de gabinete e a ministra da mulher.