A retenção de oito caminhões brasileiros na fronteira com a Argentina e os impedimentos na entrada de importações de alimentos impostos pelo governo local não foram suficientes para o governo brasileiro tomar um posicionamento enfatico.
Mesmo após o ministro do Interior argentino, Florencio Randazzo declarar em entrevista às rádios locais que há “uma briga de interesses” entre os dois países e que as autoridades buscam “defender a indústria argentina”, o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia minimizou as divergências.
“Não há clima para represálias. A briga entre o Brasil e a Argentina só tem consistência no futebol”, afirmou Garcia no Rio de Janeiro após participar da abertura do Fórum Brasil-União Europeia.
Um dia antes, o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, havia dito que o Brasil pode utilizar medidas de retaliação caso o não cumprimento dos contratos comerciais seja confirmado.
“Se necessário, adotaremos a política da reciprocidade. E temos um mecanismo de controle de importações”, disse Barral segundo o website do Ministério das Relações Exteriores.
Marco Aurélio Garcia, no entanto, suavizou a ameaça feita por Barral e disse que a situação atual de forma alguma exige uma “guerra de posições”.
“Países que têm uma relação como a que temos com a Argentina dificilmente vão enfrentar uma crise por essa situação. Por isso não há nenhuma preocupação. Isso não vai afetar as relações”, afirmou.
Protecionismo
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, concordou com Garcia e alertou que, antes de qualquer coisa, é preciso verificar se o bloqueio dos caminhões se deve a impedimentos reais na entrada de alimentos brasileiros ou a problemas de documentação e irregularidades.
“Oito caminhões é um número inexpressivo em relação à quantidade que passa pela fronteira diariamente. Sendo assim, ainda não podemos tomar medidas efetivas, apenas ficar atentos e verificar as reais causas do problema”, explicou.
Porém, a imprensa argentina afirma que o país estuda restringir o ingresso de alimentos que concorram com a produção local, incluindo os procedentes de seus membros do Mercosul (Brasil, Paraguai e Uruguai).
As afirmações foram feitas em decorrência de uma ordem do secretário argentino de Comércio Interior, Guillermo Moreno, de estagnar a importação de alimentos e bebidas similares aos produzidos pelas empresas locais, alegando que o intuito é proteger a industria local.
Retratação
Diante disso, o Brasil exige agora que presidente Cristina Kirchner faça uma declaração oficial reiterando que seu governo não impôs barreiras à entrada de alimentos brasileiros em território argentino.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, o presidente da Cira (Câmara de Importadores da República Argentina), Diego Pérez Santisteban, confrontou as declarações dadas por Cristina, em Madri, em que afirmou que “as medidas nunca existiram”.
“Confiamos em que haja uma decisão oficial de não aplicar restrições e que estas sejam anunciadas oficialmente, mas até o momento não recebemos uma determinação verbal ou por escrito contrária ao pedido que a Secretaria de Comércio Interior nos fez para analisar o impacto da restrição das importações caso a caso”, esclareceu.
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