Os resultados parciais das eleições para o Parlamento Europeu, divulgados pela União Europeia neste domingo (26/05), indicam que o Partido Popular Europeu (PPE), grupo de centro-direita, seguirá sendo a afiliação política com mais deputados em Bruxelas. Eles terão que conviver, também, com mais representantes eurocéticos, que obtiveram resultados expressivos na França, Reino Unido e Alemanha.
Apesar da vitória, o PPE também será o partido como a maior queda na votação em relação ao pleito de 2009: passará de 35% dos votos para, aproximadamente, 28%, o que representa 212 deputados.
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O segundo partido com mais votos será mais uma vez a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (centro-esquerda) que deve conseguir 185 deputados, resultado inferior ao esperado pelo grupo do atual presidente do Parlamento, o alemão Martin Schulz. Os partidos Liberal e o Verde devem ser, respectivamente, a terceiro e quarta forças na Eurocâmara.
Neste ano, a presença foi ligeiramente maior do que em 2009: em 2014, 43,09% dos eleitores compareceram às urnas, contra 43% então. No total, 751 cadeiras estavam em disputa.
European Union (2011)
Sessão do Parlamento Europeu em Bruxelas; 751 cadeiras estavam em disputa neste domingo
Países
As eleições europeias confirmaram especulações levantadas nas pesquisas eleitorais nos últimos meses. Na França, o partido de extrema-direita Frente Nacional foi o mais votado, à frente dos tradicionais UMP e Partido Socialista. O primeiro-ministro francês, o socialista Manuel Valls, considerou a vitória do partido de Marine Le Pen um “terremoto político”.
Na Espanha, os resultados destas eleições representaram o que a imprensa do país chama de fim do bipartidarismo. Pela primeira vez, os dois principais partidos PP (centro-direita) e PSOE (centro-esquerda) não obtiveram a maioria dos votos. A grande surpresa da noite foi o partido Podemos, fundado há poucos meses por ativistas políticos, que conseguiu mais de um milhão de votos e se tornou a quarta força política do país.
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Candidato à presidência da Comissão Europeia pela Esquerda Europeia, o grego Alexis Tsipras conseguiu levar o SYRIZA a uma vitória frente ao partido governista do primeiro-ministro Antonis Samaras. Outro fato importante no país foi a votação do partido neonazista Aurora Dourada, que, com 9,3% dos votos, deve levar dois deputados entre 21 a que a Grécia tem direito no Parlamento Europeu.
Mariane Roccelo/Opera Mundi
Na Alemanha, a surpresa foi a queda dos conservadores, representados pela CDU (União Democrata-Cristã), liderada por Angela Merkel, e a votação dos eurocéticos AfD (Alternativa para a Alemanha). O partido, fundado pouco antes das eleições parlamentares de 2013, conseguiu 7% dos votos e conquistou sete das 96 cadeiras.
Os eurocéticos também vieram com força no Reino Unido. O UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), de plataforma anti-imigração e anti-integração com a União Europeia, ficou na frente de Conservadores e Trabalhistas e alcançou a primeira posição, com 29,28% dos votos e 12 das 73 cadeiras a que o país tem direito.
Acordo político
Se o cenário político apresentado pelas parciais se confirmar, apenas acordos políticos instáveis poderão definir os próximos presidentes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu. Para governar, tanto o PPE quanto os Socialistas teriam que fazer uma aliança com mais de 3 ou 4 partidos. A outra hipótese para a aprovação de qualquer candidato é um acordo entre os dois principais partidos, possibilidade descartada pelos líderes de ambos os grupos.
(*) Colaborou Rafael Targino, de São Paulo