Atualizada às 11h12
O Kremlin condenou nesta sexta-feira (06/11) a charge publicada pela revista satírica francesa Charlie Hebdo sobre o desastre aéreo do Airbus A-321 russo que caiu na península do Sinai , no Egito, causando a morte de 224 civis, no sábado (31/10).
Reprodução/Twitter
Apesar de ofensivas, caricaturas não devem afetar relações entre Moscou e Paris, assegurou porta-voz do governo russo
Em sua mais recente edição, a polêmica publicação francesa faz dois desenhos sobre um incidente: em uma imagem, fala sobre os “perigos de uma [companhia aérea] low cost russa”.
Em outro desenho, a revista alfineta a ofensiva russa contra grupos extremistas no Oriente Médio (realizada na verdade na Síria, não no Norte da África), com a frase “aviação russa intensifica seus bombardeios”, mostrando restos do Airbus caindo sobre um jihadista.
“Em nossa opinião, isto em nosso país só pode ser chamado de uma blasfêmia. Não tem nada a ver nem com a democracia e nem com a liberdade de expressão. É uma blasfêmia!”, criticou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas.
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“É uma publicação polêmica, que não tem cabimento em nosso país: muita gente não a apoia e muitos se sentem ofendidos”, afirmou Peskov, acrescentando que as charges ofensivas não devem influenciar nas relações da Rússia com a França.
A publicação gerou revolta de russos no Twitter. Segundo a emissora Russia Today, muitos internaturas diziam que o mundo deveria “ignorar essas provocações nojentas” dos cartunistas, alegando que eles estavam “tentando provocar uma reação”.
O veículo ainda lembra que o terrorismo é uma das principais hipóteses do desastre aéreo, algo que a própria Charlie Hebdo já vivenciou.
EFE
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No início deste ano, a revista ficou conhecida mundialmente quando dois extremistas islâmicos, os irmãos Said e Cherif Kouachi, mataram 12 pessoas dentro da redação do semanário, em Paris.
Em setembro, o semanário humorístico francês também foi criticado por fazer uma caricatura do menino sírio Aylan Kurdi, conhecido por ter sido encontrado morto em uma praia turca, tornando-se símbolo da atual crise de refugiados no continente europeu.
Famosa por fazer sátiras de líderes religiosos de diversas fés, a revista é constantemente alvo de polêmicas e ameaças há anos, suscitando debate ao redor do mundo acerca dos limites e do significado da liberdade de expressão, em contraposição ao discurso de ódio.