O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, afirmou na noite desta quarta-feira (20/12), em discurso transmitido pela TV, que existe um “golpe de Estado” contra ele por conta da convocação de uma sessão no Congresso, de maioria opositora, para destituí-lo por “incapacidade moral”.
Os legisladores da oposição acusaram o mandatário de ter mantido vínculos com a construtora brasileira Odebrecht, cujos atos de corrupção seguem atingindo figuras públicas no continente.
Segundo Kuczynski, “a democracia e a Constituição estão sendo atacadas”. “Estamos diante de um golpe disfarçado por intepretações legais supostamente legítimas”.
O presidente pediu desculpas aos peruanos por ter sido “descuidado e desatento”, mas afirmou não ter sido desonesto e que seu descuido não configuraria um delito.
Kuzynzki corre o risco de ser retirado do cargo por “incapacidade moral” e se converter no primeiro presidente a perder o posto pelo caso Odebrecht, empresa que admitiu ter pagado milhões de dólares em subornos em vários países da América Latina para conseguir contratos de obras públicas.
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Presidência do Peru
Kuczynski disse que seu eventual impeachment é 'golpe de Estado'
O mandatário irá expor sua defesa perante o Congresso, que decidirá se o destitui ou não por ter ocultado que empresas vinculadas a ele prestaram assessoria à Odebrecht, serviço pelo qual recebeu quase US$ 5 milhões.
O partido fujimorista Força Popular, liderado pela filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko, é responsável por boa parte dos votos da oposição no Congresso. Keiko, que perdeu para Kucyzinski nas eleições presidenciais, também é investigada pelo caso Odebrecht e precisará prestar esclarecimentos na Procuradoria peruana.
Nesta quarta, milhares de peruanos foram às ruas para rechaçar a corrupção, em sinal de desconfiança contra a classe política. “Todos os peruanos estamos assombrados com os casos de corrupção da empresa brasileira. Parece que nenhum presidente escapa de ter recebido dinheiro da construtora”, afirmou à teleSUR o porta-voz da Coordenação Nacional dos Direitos Humanos, José Bracamonte.
A construtora admitiu ter pago US$ 29 milhões em subornos para ganhar obras no Peru entre 2004 e 2015, período que abarcou os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), do qual Kuczynski foi ministro, Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
(*) Com teleSUR