Com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Porto de Mariel, para o início simbólico das obras de reconstrução e ampliação, a empreiteira Odebrecht vai ganhar visibilidade em Cuba. Presente na ilha desde o final de 2007, mas mantendo um perfil discreto, a empresa vinha negociando desde então contratos para obras de infraestrutura através da sua subsidiária COI – Companhia de Obras e Infraestrutura. A princípio, a Odebrecht reformaria a rodovia nacional. Depois, cogitou-se reformar estradas afetadas pelos ciclones de 2008.
Em meados de 2009, estabeleceu-se afinal o contrato para a reforma do Porto de Mariel, que deve ser o mais importante da ilha. A ideia é transformá-lo em um terminal internacional por onde passem 1 milhão de contêineres por ano. Todo o movimento do Porto de Havana deve passar para Mariel, transformado o cais da capital em ponto meramente turístico.
A Odebrecht atuará através de um consórcio com a estatal Quality. Também estão previstas a construção de estradas e vias ferroviárias, redes de abastecimento de água e tratamento de resíduos e fornecimento de energia elétrica através do consórcio.
O contrato, num valor estimado de 800 milhões de dólares em quatro anos, será financiado principalmente pelo BNDES, que vai entrar com 453 milhões de dólares, com uma contrapartida de 350 milhões do governo cubano. “Cerca de 200 milhões já foram liberados”, conta Ricardo Guimarães, diretor da COI. “Falta apenas começar as obras”. O porto deve ser concluído em 2014.
“A nossa garantia é o estreitamento das relações entre os dois países”, afirma Ricado. “É evidente o empenho do governo brasileiro, basta ver a linha de crédito destinada para obras de infraestrutura”.
Para Ricardo, há muitas oportunidades para a Odebrecht no país. “Como muito pouco foi construído desde o fim da União Soviética, a necessidade de construção e modernização de obras de infraestrutura é constante”. Ele diz que a empresa tem estudado projetos nas áreas industrial, turística e petrolífera.
Petróleo e biotecnologia
Uma das principais iniciativas brasileiras em Cuba são os estudos para prospecção de petróleo realizados pela Petrobras desde 2008. A parceria pode provar que a ilha possui petróleo em águas profundas, a exemplo de outras regiões no golfo do México. A estimativa do governo é que haja o equivalente a até 20 milhões de barris em águas cubanas.
A Petrobras, que tem escritório em Cuba, já concluiu os estudos sismológicos e se prepara para a próxima etapa. A empresa assumiu os riscos na fase de estudos e, se comprovada a existência de petróleo, será responsável pela exploração.
Outro contrato entre a Petrobras e o governo cubano prevê a instalação de uma fábrica de lubrificantes na ilha, no valor de 30 milhões de dólares. O contrato, em fase de conclusão, permitirá ao país tornar-se exportador do produto.
A Embrapa também está presente em Cuba, com uma pesquisa para desenvolver grãos de soja adequados à ilha. Atualmente, a empresa gerencia uma plantação experimental em uma área de 40 mil hectares em Ciego de Ávila, a 400 km de Havana, destinada pelo governo. Também trabalha na modificação genética de tomate.
“Cuba hoje demanda tudo: móveis, roupas, madeira, produtos químicos para a indústria petroleira…”, diz Hipólito Rocha, diretor da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Havana. A agência aposta nas áreas de carne bovina, serviços gráficos, refrigeração, ar-condicionado, aquecimento e ventilação. “Estamos trabalhando com empresas de carne brasileiras, com a Friboi e a Mafrig”, afirma.
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