O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta
terça-feira (14/08) que seu país vai “boicotar” os produtos
eletrônicos norte-americanos. A medida é apresentada como uma retaliação ao
governo de Donald Trump, que anunciou na semana passada uma sobretaxa no aço e
alumínio da Turquia.
“Vamos aplicar um boicote contra os produtos
eletrônicos norte-americanos”, afirmou Erdogan em um discurso na
televisão. “Se (os Estados Unidos) têm iPhones, há Samsung do outro
lado”, declarou o chefe de Estado, em uma referência à marca americana
Apple e à rival sul-coreana. “E nós temos os nossos Venus e Vestel”, completou,
em referência a marcas eletrônicas turcas.
Os produtos da Apple são muito usados na Turquia, inclusive
por Erdogan, que costuma ser fotografado com um iPhone, ou com um iPad na mão.
Durante a tentativa de golpe de Estado de 15 a 16 de julho de 2016, o
presidente pediu a seus seguidores que fossem às ruas, recorrendo ao aplicativo
FaceTime, desenvolvido pela Apple.
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Erdogan pediu que turcos boicotem produtos norte-americanos (Reprodução/Facebook Presidência da Turquia)
As declarações de Erdogan surgem no momento em que Ancara e Washington, dois aliados na Otan, atravessam uma crise diplomática que piorou com a detenção na Turquia do pastor norte-americano Andrew Brunson. Em resposta, os Estados Unidos impuseram sanções contra dois ministros turcos, e Ancara retrucou com medidas similares.
Mas a medida que começou a ter consequências diretas na economia da Turquia foi a decisão de Trump de aumentar as tarifas de importação do aço e do alumínio turcos. O anúncio reforçou a queda da lira, que despencou nos últimos dias. A moeda turca perdeu mais de 40% de seu valor desde o início do ano.
O apelo ao boicote feito por Erdogan provocou reações diversas nas redes sociais. Vários internautas ironizaram o assunto, alegando que, com a queda da lira, a maioria dos turcos não teria, mesmo que quisesse, como comprar um iPhone.